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4º Festival Contato: Sábado!

Novamente o Festival Contato, Festival Multimídia de Rádio, TV, Cinema e Arte Eletrônica, realizado pela Universidade Federal de São Carlos, em conjunto com diversas parcerias e apoios, ocupa e anima o centro da cidade de São Carlos no fim de semana emendado com feriado do dia 12 de Outubro.

De 7 a 12 de Outubro, o festival, em sua quarta edição, ofereceu à cidade diversas atividades, desde exposições, apresentações, oficinas e debates até uma dinâmica gastronômica. Dentre essa gama de atividades, nos dias 9, 10 e 11, instalou-se na Praça Coronel Salles uma estrutura para shows, para a II Feira de Economia Solidária, para a programação infantil Contatinho e para o espaço de apresentações e exposições do Contato Eletrônico.

A praça, que também foi utilizada como cenário para os shows da terceira edição, dessa vez teve a Travessa Prof. Walter Blanco liberada para a feira, pois o palco, diferente da edição anterior, não foi instalado na travessa, mas sim, na frente da fachada da Câmara Municipal, liberando, dessa vez, a fachada da Escola Cel. Paulino Carlos para as megaprojeções do festival. A disposição das atividades foi bem pensada e de acordo com o projeto da nova praça. O pergolado circular recebeu, apropriadamente, a tenda para abrigar o Contato Eletrônico.

A edição 2010 ofereceu três dias de shows na praça. No sábado, primeiro dia, o público pode conferir cinco apresentações vindas de norte a sul do Brasil: Maria Butcher (São Carlos), Os Rélpis (Araraquara), Flavião e o Retrofuturismo (São Paulo), Apanhador Só (RS) e Wado (AL).

Com um público mediano, iniciou-se a única apresentação de músicos da cidade. Maria Butcher trouxe uma consagrada e convencional MPB. Em seu repertório, Fátima Guedes, João Bosco, Milton Nascimento. Sua banda, composta por seis músicos, além da cantora, traz uma linha musical enxuta e harmoniosa, tecnicamente incontestável e cuidadosa, uma sonoridade redonda e limpa. Além da bateria, baixo e guitarras, a presença do sax, do clarinete, da flauta transversal e dos impecáveis vocais de apoio traz brilho à produção.

No entanto, ao lembrar as edições anteriores, sentiu-se ali que Maria Butcher era, na verdade, uma estranha no ninho, pois seu repertório estava distante de qualquer tendência contemporânea de pesquisa musical esperada por um público de festival multimídia.

Nesse sentido, a meados da apresentação, o mais interessante foi sua música própria Eu e a Estrela. Seu mundo a parte das atuais tendências trouxe uma inusitada composição Reggae à moda do Pop dos anos 1980 no Brasil. E, ao final, percebemos que o show caminhou por vários ritmos, do Chorinho e Samba, passando por ritmos nordestinos e chegando ao Pop, mas sem nenhuma mistura, cada qual no seu lugar.

Já com um público levemente maior, contando com os admiradores que se deslocaram da vizinha Araraquara, a banda psicodélica brasileira Os Rélpis fez grande proveito da oportunidade de subir ao palco do Festival Contato. Após marcarem presença em São Carlos por diversas vezes, como no Grito Rock 2010, a banda se sentiu completamente em casa e a temperatura em queda no fim da tarde nem de longe esfriou os ânimos da banda.



Diferente da apresentação do Grito Rock, além da troca do baterista, tinha-se a ausência da percussionista Dara Ohdara, com a banda mostrando um formato mais enxuto, menos exuberante, mas positivamente sintético. Guilherme Garboso caminha para um vocal mais sutil, e, com mais experiência, a banda atinge a cada vez uma sonoridade mais envolvente e contínua. É visível uma qualidade maior nos vocais de apoio e as possibilidades experimentais da guitarra de Paulo tomam mais espaço. Barone na guitarra, Caiubi no baixo e Conrado na bateria completam a formação.

Os Rélpis, formados em 2008, estão se inserindo bem no circuito de bandas independentes e cativam pela mistura bem humorada que traz sua incomum forma psicodélica revisada. Com brasilidade tropicalista, misturam de forma homogênea o Blues, o Country e o Rock’N’Roll à Bossa Nova e ao lirismo carnavalesco. Perpassam por uma atmosfera caipira, e ainda se lançam sem perder a linha do uso de Maracatu à levada Surf Music, tudo através de uma estética bem definida e apropriada expressa no autêntico e personalizado figurino característico.

A meados do sábado de shows, sobe ao palco o projeto Flavião e o Retrofuturismo. Flavião apresenta suas composições, letra e melodia, que contaram com as bases e seqüências criadas por Isidoro Cobra, das bandas Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro. A produção final de seu novo álbum contou com a parceria de Daniel Saavedra e participação de Tatá Aeroplano, também das bandas Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro. Para a apresentação ao vivo, o projeto conta com os teclados e synths de Fernando TRZ, do projeto Lavoura de Eletro Jazz / Acid Jazz e do experimental eletrônico Acutilado, com o baixo de Caleb Luporini, também do Lavoura, com a bateria de Paulo Pires e guitarra de Daniel Todeschi.

Flavião envereda por caminhos próprios e atinge uma poética bem paulistana, numa temática urbana e do indivíduo solitário e noturno. A atmosfera da cidade é marcada pelos synths e pelas batidas quebradas. A harmonia elaborada dos teclados e synths de TRZ enriquece o projeto preenchendo a música e trazendo a influência do lounge e acid jazz do Lavoura.

O projeto se mostrou o mais interessante do dia. É extremante cuidadoso e domina totalmente a esfera musical contemporânea. Toda a criação do projeto e sua execução é realizada por competentíssimos músicos organizados em São Paulo. Trata-se de um dos frutos de um meio de artistas cujas parcerias tem rendido ricos trabalhos. Excelente!

Aproveitando um público maior, Apanhador Só, a penúltima apresentação, contemplou àqueles que aguardavam um som mais Pop em conformidade com aquilo que já se tem produzido pelo cenário Indie Rock. Impossível não lembrar de Los Hermanos ao ouvir o embriagado vocal e a mistura de Samba e carnaval.

Mas ficar nessa simplória comparação com as referências é injusto, a banda do Rio Grande do Sul tem as suas peculiaridades. Trazem uma interessante experiência com alguns elementos percussivos do Samba e chegam a executar a bateria com dois membros da banda num momento alto do show, onde a levada rapidíssima e crescente impressionou e empolgou o público. Apitos e até a execução de uma escultura / instrumento musical composta por partes de bicicleta, que compõe a cenografia e é a marca visual da banda, incrementam e conduzem a envolvente apresentação com a clássica formação em duas guitarras, baixo e bateria.

Estava mais do que preparado o terreno para o show principal do dia! O festival propôs a difusão do trabalho de Wado, músico catarinense radicado em Alagoas que tem lançado álbuns desde 2001, totalizando cinco trabalhos com o lançamento Atlântico Negro, de 2009. Foi um grande acerto situá-lo dessa forma no festival, pois embora tenha uma ótima produção, o músico não é lá muito conhecido como Bnegão, Jards Macalé e Tom Zé, chamarizes das edições anteriores do Contato.

O show, contando com um público grande, começou morno para aqueles que não acompanham seu trabalho. O molho da apresentação ficou por conta do teclado de Dinho Zampier e das programações de Tup. Mas o vocal passou a ganhar presença crescente na melodia cadenciada até o contágio do público com a música fortemente pop Fortalece Aí. Peixinho e Cavalcante completam a formação com bateria e baixo, além da guitarra de Wado.


Uma extrema sutileza na incorporação de influências musicais em um enxuto formato pode parecer pouco rica a primeira vista. No entanto, o trabalho de Wado é fruto de uma contínua experimentação do cenário contemporâneo popular brasileiro onde há uma grande conexão da cultura urbana com a cultura regionalista e uma força dessa conexão no contexto nordestino potencializada pelo contato com São Paulo, pólo cultural. Sintonizado com os rumos da música popular, Wado tem atuado num campo de refinada síntese do experimental ao pop.

Já em seu último álbum, cujas faixas ficaram para a segunda metade do setlist, é explícita a diversidade de suas referências. Além do Samba, usa Reggae, Rap, candomblé, ritmos nordestinos, recursos eletrônicos e por aí vai. O público se esquentou dançando na noite fria com Rap Guerra no Iraque, cuja batida familiar se dá pela parceria com Curumin, presente na segunda edição do Contato. As batidas e synths usados na versão de Boa Tarde, Povo fizeram o público se agitar ainda mais. Essa música, de Maria do Carmo Barbosa, conta também com uma versão do projeto Acutilado, que se apresentou a dois anos atrás no Teatro Florestan Fernandes na UFSCar.

Findas as atrações do dia na praça, o público que já podia se sentir satisfeito, ainda tinha a noite e a madrugada de programação nos estabelecimentos parceiros do festival. Falsos Conejos, um power trio instrumental porteño já são-carlense, Samba di Cumádi e festas com discotecagens estenderam a diversão e a boa música até não poder mais!

Saiba mais sobre o Contato acessando a Cobertura Colaborativa do festival. E veja mais fotos deste e outros dias do Contato no Picasa do Programa Bluga e da Caroline Pazian! Veja também textos sobre o Domingo e a Segunda desta edição do festival.



Fotos por Caroline Pazian (Maria Butcher, Os Rélpis) e Vincent de Almeida (Flavião e o Retrofuturismo, Apanhador Só, Wado)

macaco, Macaco, MACACO!!!





Estas são frases que já são e ainda serão ouvidas por um bom temppo em São Carlos e em especial o espaço da USP. Está próximo a realização da 6ª Semana do MACACO, o Movimento Artistico e Cultural do CAASO, Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira.

Desde muito atrás acompanhamos as atividades do MACACO, mesmo antes de surgirmos enquanto blog. E depois de surgirmos, acompanhamos a 4ª Semana do MACACO, em 2008 e mais de perto ainda a 5ª Semana, em 2009 e as atividades do Festival Macacada, no Campus 2 da USP São Carlos, já neste ano. Claro, além disso houve FUSCA, Noite do MACACO, Noite do MACACO na SAAU e mais uma pá de coisas que o MACACO idealizou e que passaram por aqui.


A Semana do MACACO deste ano acontecerá de 18 à 26 de Setembro, tomando ali dez dias com incursões pela cidade e pela USP, e podem aguardar novas incursões pelo Campus 2 e imediações e mesmo pela UFSCar(!!!). Mas, já neste período o MACACO vem fomentado atividades, como fez ao longo de todo ano. Há o Macacos me Mordam! Noite (de Lançamento da Semana) do MACACO na próxima Sexta-Feira, 20 de Agosto, com apresentação de peça de teatro homônima da Cia. Acidental de Campinas, uma mesa de debate com tema sobre A Indústria Cultural e a Mercantilização da Arte e da Cultura, com o Prof. Dr. Ruy Sardinha (USP São Carlos/Arquitetura) e Prof. Msc. Paulo Irineu Barreto Fernandes (UFU/Filosofia), terminando a noite com a apresentação d´Os Rélpis, de Araraquara, e de The Sams Hardcore Orchestra, de Sorocaba.

A Noite acontece durante o Congresso Fora do Eixo, que também trará outros debates, além de diversos grupos de trabalho. Os Rélpis virão se apresentar pela primeira vez no espaço do CAASO, onde todas as atividades ocorrem. Eles já apresentaram seu Rock Psicodélico carregado de brasilidades em São Carlos, mais recentemente neste ano ao lado do Porcas Borboletas quando atravessavam uma turnê com um show afinadíssimo e antes ainda no Grito Rock São Carlos quando gerou comoção geral do público. Mas, há que se comentar, a primeira apresentação do grupo por terras são-carlenses se deu no 3º FUSCA , Festival Universitário São Carlos Alternativo, em 2010, quando o MACACO atuava junto do MULECA, Movimento Universitário Livre de Educação, Cultura e Arte, em parceria com o CAASO e o DCE Livre UFSCar, no primeiro dia do evento que também encerrava o FULEC, Festival Universitário Livre de Educação e Cultura.

Já o The Sams tem uma relação mais próxima ainda do MACACO, quando na sua 5ª Semana fez uma incursão surtada ao final do Sarau proposto no encerramento da Semana do MACACO em 2009. Também já se apresentaram no Festival de Bandas Independentes do CAASO, promovido pelo Grupo de Som ao final de 2009. Fazem um Skacore honesto, empolgante e promete para a noite.

Mas nesse período pré-Semana do MACACO, ainda serão feitas outras atividades. Há o Alimente-se do MACACO, uma série de oficinas propostas para a segunda quinzena de Agosto, que está com as inscrições abertas. Serão ministradas: oficinas de Artes Gráficas, com enfase em softwares livres com o Projeto Tiré do Coletivo Ajuntaê e técnicas de estêncil e serigrafia com o Grupo de Silkcreen do CAASO; Oficinas de Samba de Coco com Guga Santos, do Quarteto de Olinda; Oficina de Vídeo, com ênfase em equipamentos comuns como câmeras e celulares, aplicando técnicas de captura e edição de imagens; e uma oficina de teatro junto do Municipal. 

E há o Alimente o MACACO, que recebe trabalhos das mais variadas áreas, recbe propostas de atividade e este ano também tem um concurso de artes gráficas para a escolha do logotipo da 6ª Semana do MACACO!

Todas estas informações, bem como os detalhes sobre as linhas temáticas da Semana, das Oficinas e o regulamento do Alimente o MACACO lances podem ser vistos no novo blog do MACACO: http://macacaaso.blogspot.com/

E sigam o twitter do MACACO também: http://twitter.com/macaco2010


Cobertura/Agenda: Última chamada para o Festival Gaia


Realizar-se-á nesse fim de semana, dias 26 e 27 de março, sexta-feira e sábado, o Gaia - 1º Festival Sustentável de Cultura, promovido pelo Coletivo Colméia Cultural, numa realização conjunta com o Circuito Fora do Eixo, com parceria da Prefeitura de Araraquara. O evento terá o parque Pinheirinho como cenário para as diversas atividades: pirofagia, esquetes, cinema, teatro, dança, palestras, workshops, performances, malabarismo, exposições, intervenções e instalações artísticas, fotografia, artesanato, graffiti, literatura, gastronomia, oficinas, camping, shows, 10 bandas, e mais sabe-se lá o que e o dia todo, desde manhã, cedinho; ufa! Tudo em prol do pensamento sobre a sustentabilidade ambiental – importante destacar o peso que o evento trás sobre essa dimensão.


No último domingo, dia 21 de março, o Colméia realizou, juntamente com a Prefeitura e Fora do Eixo São Paulo, o primeiro Pocket Show do ano – edição especial, pois contou com bandas da turnê do circuito: Aeromoças e Tenistas Russas de São Carlos e, pela primeira vez na cidade, Porcas Borboletas de Uberlândia, Minas Gerais. A turnê passou nessa terça-feira por São Carlos, no DCE UFSCar, e continua circulando pelo interior paulista. Não me prenderei aqui numa resenha das bandas, já que na verdade esse texto tem o intuito de entrar para a seção Agenda, mas logo quitaremos a dívida com uma nova e merecida eminente resenha sobre nosso caro Aeromoças e Tenistas Russas, e, em outra oportunidade, podemos nos dedicar ao Porcas Borboletas – vou me conter, por hora, em comentar que, quanto a banda mineira, me chama a atenção a influência de Arrigo Barnabé na adoção da estética das histórias em quadrinhos transposta em música, um dos aspectos que marca o trabalho de Arrigo.

O Pocket Show, que ocorre no Teatro Wallace Leal Valentin Rodrigues, já é conhecido pelo público araraquarense. É um espaço que tem sido ocupado desde o início pelo GUTE – Grupo Urucum de Teatro Experimental. O grupo possui um repertório em constante transformação, como sugere seu nome, permeia por diversas formas de expressão e não se fixa numa fórmula, experienciam artes circenses, mímica, comédia escrachada, esquetes, performance, poesia, teatro de rua: é o integrante essencial para que se tenha a integração das artes buscada pelo Coletivo Colméia. Juntamente com a banda psicodélica araraquarense Os Rélpis, o Grupo Urucum é pilar fundamental da constituição do coletivo. Completam essa colméia o grupo Piromagia e a banda Ruido Fino, que já conectada ao coletivo se prepara para circular pelo Fora do Eixo após se apresentar no Grito Rock da cidade, em fevereiro.

A inserção de Araraquara, pela primeira vez, no festival integrado Grito Rock desse ano foi o primeiro produto do Colméia. Para Caiubi Mani, baixista do Os Rélpis, a formação do coletivo, que se deu no segundo semestre do ano passado, sempre teve como norte se tornar um dos 43 pontos que existem atualmente espalhados por 20 estados brasileiros pelo Circuito Fora do Eixo. É atribuído ao Massa Coletiva de São Carlos, ponto de referência regional do circuito, parte do esforço para o Colméia figurar na rede.

Dessa vez, por iniciativa do coletivo, surge o Festival Gaia, uma produção de caráter mais autônomo, onde esses artistas reforçam sua função técnica de produção do espaço artístico. Segundo Caiubi não há distinção no coletivo entre artista e produtor, todos respondem por essas tarefas: artista igual pedreiro – citando o lema que é título do álbum da banda Macaco Bong, de Cuiabá (MT).

O Pocket foi o terceiro evento realizado envolvendo o Colméia. Após o Grito Rock, durante os preparativos para o Gaia, lançaram um pré-festival no dia 12 de março, também no Teatro Wallace, sendo um importante meio de divulgação e movimentação artística, unindo o útil ao agradável. Já o pocket show não teve esse intuito formal, mas foi na prática a última chamada para o Gaia, criando o clima para o que está por vir. Durante a execução de Sax Sugestion (Motel Version), na apresentação de Aeromoças e Tenistas Russas, uma performance surpreende o público. Com um figurino composto somente por embolados de estopa, tendo folhas por entre os fios e o corpo inteiro coberto por pigmentação esbranquiçada tal qual lama seca, a artista, com batuque e poesia, revelava a Natureza por trás de sua feminilidade. Oscilando por outras vielas teatrais, o grupo Urucum trás Shirley, uma escrachada personagem satírica inspirada nos programas de prêmios na TV. Bem mais poético, Brincadeira com Bexiga e é um belo trabalho de mímica que incute peso e leveza, vida e personalidade ao mais ordinário objeto, tornando-o magnífico. Outros espetáculos se seguiram refletindo a constante vontade de criar e recriar do grupo. Dois Idiotas contou com a participação de Garboso, vocal que toma a frente do Os Rélpis.

Contudo, não fosse a dança, nada seria completo. Muitos assistiram ao espetáculo Contraste (peço desculpas por não ter prestigiado). Mas somente alguns foram presentados com a expressão pura da Cia. Caipira. Permeando pelo público, oferecia o privilégio de uma relação íntima e única com a artista. O convidado é equipado com fones de ouvido conectados a um mp3 player; a trilha sonora é pretexto para num átimo sentir-se envolto, a ponto de perder o fôlego diante da intensidade dos movimentos próprios de um momento singular, com a ciência de que a expressão da alma em passos verdadeiros nunca se dá duas vezes. Tal qual esboço do hábil desenhista que capta o movimento do corpo que passa, Estudos para dia sem sapatilha trata da essência, ao passo que flana sem intermédios pela multidão e supera a distância que a sapatilha delimita entre a dança e a vida.

Neila Andrade diz que a Cia. Caipira não almejou agora grandes espaços e nem procurou destaque no evento, está interessada na pesquisa, por isso deixa claro que vieram realizar estudos – se dispensam sapatilhas, ainda mais palco; mas têm ocupado os espaços. A performance foi levada para a Mostra Audiovisual de Cambuquira (MOSCA) em julho do ano passado, em outubro na Unesp Araraquara e este ano, em março, novamente na Unesp, em ocasião da programação dedicada aos calouros. Possuindo também outras propostas, A Cia. Caipira – Grupo de Dança Contemporânea de Araraquara é formada pelas bailarinas Dany Gianotti, Hiadine Correa e Neila, com Direção de Maria Moema. Focado no trabalho artístico, o grupo não discute inserir-se no Colméia Cultural, mas poderemos ter a felicidade de nos deparar com as meninas já nesse Festival Gaia. Não é de se pensar duas vezes e acabar deixando de prestigiar a respeitável produção artística araraquarense contida nesse inédito festival.

A cobertura do Programa Bluga sobre o Gaia começa aqui, em breve postaremos o que rolou. Confira a programação completa e outras informações na página do Colméia Cultural.

Ensaio: Do Grito Rock São Carlos - Continuando.


Este ensaio dá continuidade ao texto publicado aqui na ocasião do Grito Rock de 2009, em que falava-se do evento em São Carlos e de seu organizador, o Massa Coletiva, numa de suas primeiras grandes ações feitas na cidade. A bem da verdade, tomou-se ali o Grito Rock e o Massa como exemplo para pincelar as ideias que giravam ao redor da lógica estabelecida em torno dos festivais de música independente, as bandas que deles participam e o público que os assiste.

Na época, nos trouxeram várias críticas em cima das próprias considerações daquele texto, que falava numa menor escala da lógica envolta no mercado paralelo que é a música independente e apontava com maior destaque os entraves por ele gerados a evolução enquanto forma e conteúdo da música, deixando de lado questões como a visibilidade e até certo o respaldo ganhos por este mercado. O texto ainda é pertinente dentro destes aspectos, quase passível de republicação mudando-se tão somente a data, já que não houve grandes mudanças neste cenário. Contudo, algumas justificativas carecem de maior delonga, então, eis aqui outra tentativa.

Naquele texto de 2009, houve interessantes réplicas nos comentários de Cardelli, vocalista e guitarrista dos Visitantes. Contudo, lá não se falava em falta de originalidade por parte das bandas, como inferia Cardelli, mas sim da estagnação em torno de forma e conteúdo e mesmo da estética por elas produzida. Estagnação, senão retrocesso, que ainda assim dá margem a originalidade, mas frente a insistente pós-modernidade na mescla de gêneros e elementos étnicos recai na fórmula maceteada usada por um sem número de nomes da música hoje.

De todo modo, a crítica daquele texto não era tímida, só era ponderada, porque de fato há aspectos interessantes nessa história toda. A crítica, na verdade, reside no simples fato de que nada se faz de diferente falando dos festivais do independente, coletivos e afins. Cria-se apenas um mercado paralelo, uma franca necessidade dos tempos em que implode o número de bandas e o acesso a elas fica facilitado, pela velocidade tanto da produção musical quanto de sua divulgação em função do mar de tecnologia aberto nos últimos vinte, trinta anos, mas mais especialmente na última década. E este mercado não é recente, provavelmente sempre existiu, sob diferentes óticas, em diferentes momentos.

Por exemplo, hoje mesmo, tomemos das metrópoles, grande São Paulo. Essa articulação lá não parece precisar de fato dos coletivos, acontecendo de uma maneira ou de outra. Tanto que o grande coletivo paulistano é o próprio Massa Coletiva, em São Carlos. Não seria estranho pensar no representante estadual dentro do Fora do eixo estando fora da capital? Mas faz todo sentido. Em tempos de ALTERCOM, São Paulo tem canais de comunicação demais, muita informação transitando nos meios, sendo tão fácil chegar as pessoas que algumas preferem a inanição a aproveitar o que a cidade oferece. Fato é que em São Paulo o mercado independente e o mercado convencional se mesclam, em certa medida, de tal forma que é difícil desvincular um do outro, aos olhos menos atentos. Fora dos grandes centros esta iniciativa é provavelmente necessária para fazer tudo acontecer, do contrário o mundo iria definhar, já que o grande mercado ali não chega. Afinal, não é essa a ideia, fora do eixo? Que eixo? Rio-São Paulo. Curitiba, Brasília, em menor escala. Porto Alegre?

Inegavelmente há uns vários aspectos interessantíssimos dos festivais envoltos na rede estabelecida de música independente, em específico do dito Grito Rock, que nunca deixo de comentar. Depois de limpar os pés no capacho da porta de entrada do ano, se cria uma outra agitação para a época de Carnaval, colocando indiretamente alguns questionamentos a esta conturbada e polêmica festividade. Afora isto, quando se põe em xeque desta maneira muitas das atividades desenvolvidas na linha destes festivais, outros produtores não ligados a estes coletivos e alheios a esta lógica acabam empolvorosos. E vale destacar que este mercado é cada vez mais monstruoso ao perceber como é exponencial o número de cidades envolvidas nos festivais, bandas circulando e público participando.

Um reflexo da forte articulação destes coletivos é por exemplo a possibilidade de bandas ligadas a estes atravessarem em menos de um mês as cidades de um estado inteiro, senão várias cidades ao longo do país, pelo Grito Rock. Os Rélpis, de Araraquara, ligados ao coletivo Colmeia Cultural, e o Aeromoças e Tenistas Russas, de São Carlos, ligados ao Massa Coletiva, são exemplo notável disto. A despeito da boa qualidade do material, sem esta ponte propiciada por iniciativas como as do Toque no Brasil, portal que agenciava bandas, casas de shows e os coletivos para o Grito Rock, bem como o apoio e articulação dos Coletivos, eles não teriam conseguido esta visibilidade tão facilmente. Logo, conquistaram o Estado, especialmente porque os dois shows estão muito bons, a ponto de precisarmos resenhar Os Rélpis com urgência e re-resenhar AeTR, com o repertório muito mudado já.

Há ainda o mérito do desenvolvimento sustentável, a patavinha da economia solidária e tudo o mais, mas não vamos entrar nesta discussão no momento, deixamos as considerações pobres mesmo neste quesito.

Retomando, como bem é mostrado no Identidade Musical usando da palavra de Luiz Tatit, sempre houve o independente, o artista a margem das grandes gravadoras ou mesmo de qualquer gravadora, que acumulava tanto a função técnica quanto a artística. Afinal, as verdadeiras demos não eram fitinhas com um nome escrito na fita crepe a caneta? E em alguma instância, a grande maioria tanto de antes quanto de agora invariavelmente pensa em atingir, senão o grande mercado das gravadoras, pelo menos o status dos artistas delas.

Sendo bastante pragmático, me apoio mais uma vez no texto do Carlos Rogério do Identidade Musical, apontando que os modelos continuam os mesmos e o público mal sabe a valorizar os projetos ousados. Mas aquela conversa sobre estagnação rivaliza com os projetos ousados. A questão é que mesmo os projetos ousados, citados por Carlos Rogério, como Macaco Bong e Porcas Borboletas, não o são tanto assim. Macaco Bong bebe de muitos elementos lá de fora, vide Russian Circles. Porcas, poutz, já me eram óbvias influências da estranhamente desconhecida Vanguarda Paulistana antes mesmo deles surgirem junto do Paulo Barnabé. Claro, nem por isso deixamos de gostar e desmerecemos. É bom trazer estas influências, é bom mostrar ao mundo que mais há, é bom inseri-las aqui, e é bom fazer o que se quer.

Se é que ainda não se aponta armas às bandas que continuam a produzir seguindo modelos velhos ou inserindo-se em fórmulas já concebidas de inovação, o que se questiona aqui faz muito tempo é o papel destes coletivos todos, destes festivais todos, enfim, da música independente, em mudar esta concepção estabelecida e tão enraizada do que é fazer música. Acontece que o interesse destes grupos não é mudar isto, pelo menos não o que importa. Afinal, é notório que toda esta rede é uma mercado paralelo, uma indústria exatamente como o mainstream, com um modelo de negócios como bem diz Pablo Capilé para O Inimigo ou como Bruno Nogueira no Pop Up! afirma ao apontar o caráter de feira de negócios que se vê na Feira da Música do Circuito Fora do Eixo. Quase demora pra se perceber isto. E o pior é que todos eles tem plena consciência disto. E não se importam. Afinal, é um ganha-pão. Engraçado é que eles debatem, insistem na proposta, vendem a ideia a todo custo, mas nunca dizem quanto ganham.

Aí, é mais demorado ainda perceber que não, eles não estão aí pra mudar o modo de fazer música. Não é o interesse deles, talvez sequer seja seu papel. Eles estão aí para mudar o modo de vendê-la. Ou não mudar, mais propriamente, apenas encontrar alternativas para fazê-lo. No termo 'mercado da música independente', a música é a mesma, só muda o mercado. Parafraseando o bom dito do nobre Djalma Nery Ferreira Neto, a música independente é feito a abolição da escravatura: É só uma conjuntura da lógica de mercado se adaptando a novas condições sociais.


Agenda: FUSCA 2009





Vários fatos aproximam-se da cidade São Carlos, terra-mãe do Programa Bluga. Como sempre, relatamos a prévia dos fatos e quem sabe os saldos de tudo isto. Claro, aproveitando para adicionar a nossa agenda mais um lance mandatório aos que acompanham aqui o blog: vem junto a tudo isso o FUSCA - Festival Universitário São Carlos Alternativo.

Já em sua terceira edição, o FUSCA vem firmar-se como escolha diferenciada à repetição, pontualmente em escala faraônica, de mais do mesmo, com a chegada do TUSCA.

Em sua trocentésima edição, o TUSCA - Taça Universitária de São Carlos - que há muito perdeu todo o conceito original enquanto torneio universitário e chegou ao status de desculpa-bem-justificada para confraternização, agora se resume às festas. E, vale destacar, festas sem qualquer abordagem que não a gomorria. Gomorria, de Gomorra, aquela, destruída feito Sodoma. Ninguém fala em gomorria porque ela é muito, muito pior que a sodomia.

Quanto ao FUSCA, em uma óbvia sugestão, seu nome vem contrastar com o TUSCA, oferecendo a 'alternativa' e fomentando uma cena cultural e independente da música e outras frentes artísticas na cidade.

Este ano, acaba por abarcar também outro festival, o FULEC. Em sua quinta edição, o Festival Universitário Livre de Educação e Cultura é promovido pelo DCE UFSCar (Diretório Central dos Estudantes da UFSCar) esporadicamente, datando sua primeira edição de algo como uma década e sua última já de três anos atrás. Com uma proposta interessante de debates e atividades de cunho cultural, sua programação encerra-se concomitante ao início do FUSCA, tendo sido prontamente abarcada e fazendo uma noite bastante promissora na quinta-feira do FUSCA, com uma série de grupos culturais da cidade e região se apresentando, e a estréia por terras sancarlenses de um grupo novo por aqui, Os Rélpis, de Araraquara, daqueles envolvidos em um outro nome de coletivo surgindo, o Colméia!

Como se os demais dias deixassem algo a desejar, temos lá na sexta destacando-se a apresentação que promete ser fortíssima do grupo Compadre Candela, que no mesmo dia faz uma apresentação no Teatro Florestan Fernandes, pelo ciclo de debates Diálogos Abertos na América Latina e acaba aportando pelas terras do CAASO, assim como a passagem do Eletrofan, que há muito se espera ver por aqui.

E no sábado, além da apresentação intimista do Dona Flor, vem o Comuna do Samba, grupo ligado ao MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, de São Paulo, dos mesmos sujeitos do bloco de samba Unidos da Lona Preta. Sugestivo, não? Forte, também. Claro, todos os dias regados a intervenções do CineCAASO, voltando a projetar por aí com força total, além de outras surpresas não-programadas ou sequer anunciadas!

Então, nossa agenda para a próxima semana fica assim:


FUSCA

Quinta-Feira, 24 de Setembro de 2009, 22h
Local: Gramado da UFSCar
Maracatu Rochedo de Ouro (São Carlos)
Maracutáia (MPB/Araraquara)
Pífanos Taquara Rachada (Rio Claro)
OS Rélpis (Araraquara)

Sexta-Feira, 25 de Setembro de 2009, 23h
Local: CAASO - USP São Carlos
Compadre Candela (Salsa/São Paulo)
Intervenções CineCAASO
Malditas Ovelhas! (Rock Experimental/São Carlos) + VJ Cosmo (São Carlos)
Eletrofan (Araraquara)

Sábado, 26 de Setembro de 2009, 23h
Local: CAASO - USP São Carlos
Dona Flor (MPB/Araraquara)
Intervenções CineCAASO
Comuna do Samba (Sambão de Raiz/São Paulo)


E vale lembrar que todas as atividades são abertas e gratuitas!

Assim, a realização do FUSCA, em mais uma oposição ao TUSCA, é feito pelas entidades representativas dos estudantes, o DCE UFSCar e o CAASO (Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira). Isso tudo abarcando ainda o FULEC, que dizem os bons ventos virá a ser MULECA - Movimento Universitário Livre de Educação, Cultura e Arte, e o MACACO (Movimento Cultural e Artístico do CAASO), demonstrando a continuidade das atividades e fusão de ideais envoltos nestes nomes.

Esperemos, claro, que nada chegue perto de outra tentativa nobre que acabava num imbecil degladio de forças, na ocasião da Semana de Recepção dos Bixos no CAASO neste começo de ano.

Aliás, falando em FUSCA e de nossa agenda de esforços propagandisticos para divulgar algo de interessante no cenário musical local e proximidades, não deixe de acompanhar nosso Google Agenda, adicione o bendito na sua conta do bastião-googlístico e saiba sempre onde iremos colocar os pés na próxima noite. E, se estiveres sem fazer nada, siga o bendito Twitter e acompanhe ainda mais de perto as atividades bluga.


Arte do cartaz por Alexandre Vergara