Cobertura: Semana do MACACO, no CAASO

Em sua 4ª edição, o MACACO, Movimento Artístico e Cultural do CAASO mais uma vez traz atrativos ao mundo da música, e um mundo de outras artes, como bem diz o nome. Como não poderia deixar de ser, o Programa Bluga esteve lá conferindo, ainda mais dentro do nosso território.

Acompanhamos a edição desde sempre, lembrando a excepcional apresentação do grupo ½ Dúzia de 3 ou 4 se apresentando na edição de 2006. Pudemos ver eles novamente no 1º Festival Contato, e são geniais, geniais. Na edição de 2007 passaram lá os caras da excelente banda de Araraquara, Malditas Ovelhas, e nos vimos toda a apresentação deste espaço dedicado ao experimentalismo e psicodelia. Infelizmente perdemos outra banda que prometia muito, a Mamma Cadela, numa vertente semelhante. MAS, tivemos o imenso prazer de ver pela primeira vez ao vivo a Orquestra Brasileira de Tango de Puro Guapos, com o argentino Mirol em seu bandoneon com vários Piazzolla no repertório, acompanhado de violinos, violoncelo e contrabaixo baixo, só pra listar as cordas, além de piano e clarinete. Impagável e tudo isso no palquinho do CAASO, defronte ao Bar do Mário, como tem que ser.

Nesta edição de 2008, a Semana do Macaco como sempre nos trouxe algumas alegrias. Como o foco do blog é música, se é que não deu pra perceber, vamos comentar apenas as apresentações do gênero. Contudo mesmo assim vamos levar a público apenas alguns dos acontecimentos, porque não conseguimos nos desdobrar em dez ou doze, como gostaríamos e o MACACO exige presença diária! Afora o fator de sempre, com os horários da agenda do dia nunca respeitados, atrasando-se até o costumeiro horário das 23h57.


SEGUNDO DIA

Começamos errado, já depois do início. Mais uma vez com espaço dedicado à um rock cheio de experimentalismos, a organização nos trouxe as Aeromoças e Tenistas Russas, banda que revisamos em nosso último post. A proposta deles, não somente pelo próprio som, exigia presença mandatória: apresentaram ao vivo trilha sonora composta para o curta-metragem holandês Regen, de 1929, dirigido por Joris Ivens. O curta por si só já é uma bela viagem, mostrando um dia de chuva em Amsterdã e a cidade mudando sua aparência ao acompanhamento da trilha original, orquestrada.

O mesmo papel faz a nova trilha feita pela banda, muito embora seja uma revitalização usando de sonoridade próxima ao Rock Progressivo, executando-a em baixo elétrico(Juliano), teclados(Gustavo), bateria(Nilo), pífano e saxofone(Thiago Hard). Em menor escala, um trabalho a la Soundtrack from the film More. Perde-se a conta em quatro ou cinco passagens nos pouco mais de 10 minutos de fita, embasbacantes. Essa linha de material é justamente o que poderia rechear shows apenas com composições próprias. Tocaram ainda durante a passagem de som um pedacinho da sua versão de Superstition e enceraram seu palco com outra versão conhecida nossa, com Play That Funky Music White Boy.

Esta apresentação fez parte da parceria da organização do MACACO com a RUA, Revista Universitária do Audiovisual, iniciativa mais uma vez do curso de Imagem e Som, com seus alunos da turma de 2007, da UFSCar.

Trocam-se instrumentos e músicos, mudando o conjunto da bateria inteiro e ainda montando um set de percussão, para que vislumbrássemos o Eletrogroove. Todos alunos do curso de música da Unicamp, vinham com a incrível marcação de baixo de Mazon, a guitarra minimalista e obviamente fundamental de Spiga, os teclados regados a timbres espaciais de Montorfano e a dupla coordenadíssima na bateria e percussão, Gigante e Chico Santana. Trazendo apenas composições próprias, visitaram várias vertentes com pé no experimental, mesclando-as todas, seja com Drum’n’Bass e Fusion Jazz, seja com Funk e Progressivo, seja com Post-Rock e Samba. Simplesmente imperdível.

Compactuando com a banda, havia a presença de um pessoal da Unicamp, que, enquanto aguardavam sua vez de fazer a música, não só assistiram o Eletrogroove, mas participaram do espetáculo com incursões usando bolas de contato e a pirotecnia de uma inusitada figura girando um bastão de fogo. Claro que podem ter vindo a tirar o foco do show em si, mas não foi nada imperdoável, já que com certeza acrescentaram total psicodelia à apresentação.

Tocaram uma hora inteira, para depois o percussionista Chico Santana deixar seu posto junto a banda e fazer a ponte, regendo então dois mundos, entre o que viria pela frente: a Bateria Alcalina. Composta principalmente por estudantes da Unicamp, oferecida como atividade de extensão universitária pelo Instituto de Artes, IA, a bateria apresenta elementos incomuns a grande maioria das baterias universitárias, aproximando-a muito mais da excelência de uma escola de samba. Funcionando DE VERDADE com surdos de primeira, segunda e terceira, faziam toda uma diferença com agogôs de quatro bocas, criando uma sonora dissonância e fazendo sua música muito mais rica, acompanhando caixa e repique nos instrumentos de marcação e chocalhos e tamborins na percussão. Tocando por mais de meia-hora em conjunto com o Eletrogroove, ora fazendo a entrada deste grande jam, ora em concomitância, ora finalizando a brincadeira, a Bateria Alcalina nos trouxe uma experiência única.

Mesmo com suas camisetas amarelo-e-preto-caaso, era impossível este pessoal se confundir ao CAASO, quando, já autores dos malabarismos da noite, ainda dançaram desvairadamente ao som do Eletrogroove. Esta é a grande diferença em ter um curso de Música, um curso de Dança, um curso de Artes Plásticas, enfim, todo um Instituto diferenciado. Este pessoal trouxe um brilho único noite do CAASO, findando sua parceria com o Eletrogroove para tocar direto mais de uma hora sem parar nunca, honrando seu nome, lembrando a mítica propaganda dos coelhinhos da bateria que “dura, dura, dura, dura...” Nas várias levadas únicas da Alcalina, findaram a apresentação debaixo de coro EXIGINDO um cortejo, mesmo depois de a Polícia Militar ter adentrado o domínio da Universidade. Será que os vizinhos reclamaram?


QUINTO DIA

Pela tal força maior, pulando terça e quarta-feira, onde inclusive tocou o pessoal do Cubanistas, que já tínhamos visto numa curta apresentação no Festival do Calouro da UFSCar de 2008, chegamos na quinta, no finzinho do pessoal rolando os pífanos. Como sempre, a ecleticidade comprova-se uma grande falácia e mudam as caras e cores para receber o Jardim Cefálico. Programados para tocar no domingo, não puderam comparecer, deixando o espaço daquela noite para as pick-ups do pessoal do programa Independência ou Marte, logo depois do Ganja Groove, também da Rádio UFSCar, fazer uma bela apresentação mesclando seu som entremeando Reggae e Dub com as imagens do VJ COSMO.

Nessa re-escalação estavam incumbidos do Rock Luiz Manoel a frente dos vocais, Renato de Sá no baixo, Rodrigo Volpe na bateria e o guitarrista onipresente-das-bandas-são-carlenses, Danilo Zenite. Mesmo apresentando formação incompleta, faltando a segunda guitarra de Cristiano Godoy, que viria a fazer certa diferença, não deixaram nada a dever. Trouxeram um repertório bem balanceado entre suas composições e covers, mais centrados ao Hard Rock, transparecendo o gosto da banda pelo Grand Funk e a excelência na execução de duas do Sabbath, além de pitadas do sempre bom Led Zeppelin e Deep Purple, fechando a base do Hard Rock lá fora, e trazendo aqui de dentro Casa do Rock, Casa das Máquinas! Pingadas do Progressivo também se fizeram presentes, num Jethro Tull, com A New Day Yesterday, e Pink Floyd com Dogs em uma variação que não agradou muito a camaradagem aqui, mas balançou o público sedento, e Breathe.

Ponto alto da noite realmente era o material próprio do Jardim Cefálico, que honra o nome e as influências, que certamente remetem ao Rock Progressivo. Neste setlist estavam faixas do álbum recém-lançado Contempotrópole, com uma boa produção contemplando o Heavy Prog. Este material pode ser conferido na integra junto ao Bandas de Garagem do UOL. Destaque neste show para a faixa que finalizou a apresentação, Beijos Nucleares, do último álbum, e Desígnio, material mais antigo, de grande qualidade dentro das duas horas em que os garotos se apresentaram.


CONCLUINDO...

Faltou ainda a sexta, mas... Ficam as congratulações por esta excelente seleção de bandas ao Fedel, a meu ver grande responsável pela semana. Claro, rolaram muito mais atividades neste MACACO, mas agora só ano que vem. E nós estaremos lá, com certeza. Só não divaguem muito sobre essa sigla, porque o importante é a figuração.


http://www.caaso.org.br/macaco/programacao.php

http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=85199

http://vimeo.com/1263958
http://www.youtube.com/watch?v=AIBOF6DYfxQ
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=46916188

http://www.myspace.com/eletrogroove
http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=25362
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=4403003

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=553774

http://www.myspace.com/jardimcefalico
http://bandasdegaragem.uol.com.br/hotsite/index.php?id_banda=12307
http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=42559
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4200793

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