Malditas Aeromoças e o Fator Acochativo: Do MACACO para o mundo!

Se na sexta-feira última da 6ª Semana do MACACO tinhamos um clima de encerramento, não fossem as atividades se extenderem ainda por um sábado inteiro, seria um grandioso final o Festival no Campus 2 da USP São Carlos, que já começacava a deixar vontades por mais, apontando novas promessas para o lugar. E ali, depois do Graveloa e o Lixo Polifônico (leia aqui), Lisabi, Mama Gumbo e L´Avventura (leia aqui), prontificando-se a este fechamento, vinha pela primeira vez o projeto Malditas Aeromoças e o Fator Acochativo!


Como o nome sugere, trata-se do encontro de dois dos maiores nomes do independente saídos de São Carlos, Malditas Ovelhas! e Aeromoças e Tenistas Russas. Dividindo o mesmo palco, uma reunião que certamente já devia ser desejada por muitos, já que ambas têm sua base na música instrumental e trazem raízes comuns. O projeto foi alavancado pelo próprio MACACO, cumprindo um papel que já deu origem a várias outras manifestações pela cidade, desde o grupo de danças folclóricas Girafulô, ao Zero16 e o grupo Teatro Acaso.

Acompanhando a trajetória de ambas as bandas, agrada muito ver as mudanças e evolução de cada uma, culminando para o que são hoje, grupos consistentes e de composições bem trabalhadas, com maturidade e personalidade o suficiente para serem capazes de promover este encontro levando para o projeto as características que definem cada uma, e mais do que isso, fazendo surgir um novo e inusitado som: tem-se um terceiro grupo, que não é apenas a soma deles.


A palavra que vem à mente é sinergia, variável já presente em cada banda, que potencializa-se pelo contato que os grupos tem entre si. Tanto uma como a outra já serviram de público espectador muitas vezes um ao outro, apreciando mutuamente seus trabalhos, familizariando-se a ponto de entender a proposta para agora promoverem um diálogo natural.


E então, preparava-se um show, na verdadeira essência da palavra, com diversos momentos, ora tocando juntos seus próprios trabalhos e de quebra uma versão espetacular de Suco de Tangerina, dos Beastie Boys, ora em separado, apresentando suas composições, e, pasmem, fazendo uma versão do trabalho um do outro. Haveria ainda, pra calar a noite, uma jam ao final.

Fizeram isto com nove macacos ao palco: quatro malditos - Eduardo Rodrigues nos synths e afins, Bruno de Almeida no clarinete durante o encontro Malditas Aeromoças e no baixo ao excerto Malditas Ovelhas!, Yraê de Araújo na guitarra e José de Miguel revezando-se entre percussão e bateria; quatro aeromoças - Thiago "Hardie" Gonçalves no sax alto e soprano durante os excertos com os dois grupos e revezando-se entre as paletas e sua guitarra verdinha e cereja, Juliano Parreira no baixo, Gustavo "Hooligan" Palma nos teclados e Nilo AMFG também revezando-se entre bateria e percussão; e um alienígena, Jovem Palerosi, do Independência ou Marte, entrando com efeitos de um kaoss pad.

Se a simples visão da profusão de instrumentos no palco, com baixo e guitarra, teclados e sintetizadores, sax e clarinete, bateria, percussão e afins poderia dar a impressão de que teríamos redundâncias e cacofonias, não foi nem de longe o que ocorreu. Sem excessos, cada um a seu devido espaço. Sempre é difícil diferenciar o que é improviso e o que não é, já que em ambos os casos as próprias músicas me dão a impressão de serem improvisos bem trabalhados, ou originadas de improvisações. Mas houve sim um excerto de improvisação, ao final, em que rolou uma grande jam, fechando a noite com chave de ouro. E quem acha que a esta altura o público já rareava engana-se; o povo ficou até o fim, sendo que muitos provavelmente vieram apenas para conferir o Malditas Aeromoças e o Fator Acochativo. Com certeza ainda os veremos tocando músicas uns do outro pela estrada afora ao menos.



E assim como a Semana do MACACO não se encerrava naquela sexta-feira, tendo ainda mais um dia de atividades e saraus pela cidade, muito menos o MACACO, Movimento, findava suas propostas para o ano. E na mesma toada tem-se o Malditas Aeromoças e o Fator Acochativo.

E o fator acochativo? O fator acochativo é referência, símbolo e representatividade, a uma cena já clássica do filme Árido Movie, de 2004, dirigido por Lírio Ferreira, com monólogo de Selton Mello sobre ledas, veneno do rato do gabiru e o fator acochativo.



Setlist Malditas Aeromoças e o Fator Acochativo
1. Suco de Tangerina; 2. Ode ao Viajante; 3. Stop (ATR); 4. Insomne (ATR); 5. Smokey Skulls (ATR); 6. Kirilenko (ATR); 7. Perseguida (ATR); 8. Dancing in the night (MO!); 9. Lá na lua (MO!); 10. Fossilizado (MOA); 11. Dalai Lombra (MO!); 12. Jacques Villeneuve Experience (MO!); 13. Solarística; 14. JAM;

Na segunda-feira passada parte deste trabalho foi apresentado na Radio UFSCar, no Programa Independência ou Marte, com direito a comentário do guitarrista Hardie. Está lá no blog do programa no portal Fora do Eixo e dá pra ouvir o podcast abaixo. Logo logo veremos se disponibilizamos o áudio desta puta apresentação por aqui!



Mais fotos desta e outras noite da Semana do MACACO podem ser vistas no Picasa do MACACO e também no Flickr do Massa Coletiva.

Texto: Felipe Adachi e Vanderlei Reis

Fotos: Vincent de Almeida e Massa Coletiva

Um comentário:

Vanderlei Reis disse...

E o pessoal do ATR escreveu um poquito sobre a experiência no blog deles, vê lá:

http://aerorussas.blogspot.com/2010/10/fator-acochativo-noite-fde-campinas-e.html