Acontecia de 18 à 26 de Setembro a Semana do MACACO. Na sua 6ª edição, apresentava uma das programações mais interessantes que o MACACO já propôs, e, porque não, que um festival apresentava na cidade de São Carlos. Com uma linha temática que discorria sobre o "Papel da Cultura na Sociedade e na Universidade", descerrava as discussões que o Movimento vinha promovendo em encontros e debates ao longo do ano, transpondo-a em um ciclo de debates que contaminou toda a Semana, oficinas e apresentações das mais variadas manifestações artísticas, regando-se de peças e intervenções teatrais, música, com diversos grupos e solistas.
Durante toda a Semana do MACACO, falando do nosso mote, a música, já haviam passado diversas atrações, como a parceria com o SESC São Carlos trazendo o Meia Dúzia de 3 ou 4 gratuitamente, a parceria com a Coordenadoria de Artes e Cultura da Prefeitura Municipal de São Carlos, trazendo a Cataia no Teatro de Arena José Saffioti Filho. E, no CAASO, teve Strombólica, transmitido ao vivo do palco de arena pelo programa Independencia ou Marte na Rádio UFSCar, Almighty Devil Dogs tocando junto com o Conexión Rock, trabalho inscrito no Alimente o MACACO que valorizava o rock cantado em espanhol. Também passaram nomes como Murilo Martinez, expoente da técnica de dedilhado e percussão ao violão na cidade de São Carlos, e o coletivo de ensaios sonoros Aos Maníacos Símeis com uma experimentação quadrifônica chamada Sala de Paredes Invisíveis.
Na Sexta-feira passada, 24 de Setembro, começando o último final de semana desta Semana do MACACO, o clima já era de encerramento. O espaço explorado era o do Campus 2 da USP São Carlos onde o MACACO já havia promovido a Macacada, no começo de 2010 na Semana de Recepção de Calouros da USP junto da Calourada do DCE Alexandre Vannucchi Leme, que sempre chama atenção, pelos amplos espaços e o verde que o cerca, tornando as noites mais belas ainda, deixando todo o pessoal querendo saber quando todos aportariam por ali novamente.
Reservava-se ali um bom festival de bandas. Apesar da Semana ter acontecido em dias ensolarados, justamente neste dia em que tudo se desarolava num espaço diferenciado, indo de encontro à idéia do MACACO de explorar novos ambientes ao mesmo tempo em que promove a ocupação política deste, promovendo o uso aberto e gratuito à população de estudantes e da cidade, fechava o tempo e tivemos pancadas de chuva durante o dia e o começo da noite. Isto acabou atrasando a noite, planejada para começar às oito, mas sem aderência do público por contado tempo frio e chuvoso que São Carlos jogava no MACACO. Contudo, foi uma boa noite, com todas as bandas tendo seu tempo a apresentar-se e um público ansioso por ouví-las. A primeira da noite havia sido o Graveola e o Lixo Polifônico, direto de Minas Gerais, cuja apresentação foi discorrida em pormenores nesta postagem aqui. A noite toda era regada pela discotecagem radiofônica Independência ou Marte, com Jovem Palerosi, que nos servia de mestre de cerimônias enquanto rolava vários da chamada nova música brasileira, como Lucas Santtana, Iara Rennó, Cidadão Instigado e Maquinado.
A segunda banda a subir ao palco era o pessoal do Lisabi, banda de skacore de Campinas. Vinham com Sebastián Piracés na bateria, André Cardoso no baixo e vozes, Danilo no sax, Giovani Loner no trombone, Gabriel Slenes no trompete, Matheus Fattori na primeira guitarra e Pedro Pacheco, do pessoal do The Sams, que tocou na Noite do MACACO de 20 de Agosto, substituindo de última hora Mateo Piracés na segunda guitarra. Inscritos pelo Alimente o MACACO, assim como outros trabalhos, vem de encontro à proposta do MACACO de incentivo às artes, fomentando novos grupos e ações. Fizeram uma apresentação bastante empolgada, como o estilo deveria ser. Falta ainda um certo trabalho às composições e mesmo entrosamento entre o grupo, mas agradaram ao público. Tocariam ainda no último domingo, 03 de Outubro, na festa Domingo-Feira, organizada pelo coletivo de Campinas Ajuntaê, mais uma vez junto do Graveola e o Lixo Polifônico. Essa movimentação é sinal de que ainda ouviremos falar destes rapazes!
Para dar continuidade à noite, subiam ao palco os paulistanos do Mama Gumbo, para dar fim à expectativa de muitos dos presentes. Ao contrário do que geralmente acontece, não havia uma banda como sendo claramente o ponto alto do festival. Alguns vieram pelo Graveola, outros para conferir o experimentalismo de Mama Gumbo, e certamente vários também vieram para ver o resultado da primeira, e esperamos que de muitas, colaboração entre Aeromoças e Tenistas Russas e Malditas Ovelhas!. Estes últimos provavelmente chegariam ainda um pouco mais tarde, já que as bandas da casa seriam as responsáveis pelo encerramento. Agora, era hora do Mama Gumbo.
Figuras já bastante conhecidas nos bares e casas de show da capital, mas ainda subexplorados no interior, resolvem dar as caras em São Carlos, emendando já na sequência um show na Kruppa em Araraquara. Instrumental de qualidade, os caras fazem um som com diversas influências, de jazz, música brasileira e rock, sendo frequentemente associados a termos como psicodelia e experimentalismo. Rótulos à parte, o importante é que fazem música boa,com inflências várias, do blaxploitation à pornografia tcheca, e sabem mesclar muito bem todas essas influências. Com apenas quatro integrantes subindo ao palco nesta nova formação, munidos de baixo (Tiago Rigo), teclados (Alex Cruz), percussão (Márcio Bononi) e bateria (Cris Piason), não nos deixam nada a dever em relação a seus trabalhos de estúdio - Eletroroots (2009) e Mama Gumbo (2004), apresentando-nos um som denso, sem espaço para tomar fôlego. Várias quebras de ritmo e bons trechos de improvisação vem em toadas que precisam e devem ser longas. Apresentaram também uma inesperada versão de Immigrant Song, apenas no instrumental, fazendo-se bastante e suficiente, pequena mostra de seus trabalhos com o Dharma Samu e o álbum Zeppelianas Vol. 1. Mesmo pouco conhecidos por aqui, tinham ali na noite um público já bastante extenso, provavelmente decorrente do céu que se abria, sem a ameaça de chuva do início da noite. A certeza que nos dão é que voltando à São Carlos, contarão com ainda mais público, já que facilmente o estilo de som que propõe a banda encontrará muitos ouvidos por aqui, e também aqueles dispostos a trazê-los novamente.
À sequência, em mais uma das investidas do MACACO apresentando novos lances, a estréia da banda L´Avventura viria a acontecer. Também tratava-se de outro trabalho inscrito pelo Alimente o MACACO, assim como o Lisabi. Apresentavam composições cantandas em inglês, que rescende a Folk incrementado de Britpop. O nome do grupo era tirado do filme italiano homônimo de 1960, dirigido pelo mestre Michelangelo Antonioni, ganhador da Palma de Ouro em Cannes. As composições eram de pegada fácil, trabalho de Marco Britto, às cordas da guitarra e voz, que se desnudava acompanhado do baixo de Roberto Saraiva, teclados de Victor Lacerda e a bateria de Daniel Carezzato A apresentação teve até direito a máquina de chimbau quebrando e apagão, com queda da força do palco mas, rapidamente solucionada, não houve vacilo: Era uma combinação fatal para embalar a todos naquela noite.
Noite de vários climas, saindo da MPB de novos tons com o Graveola, passando pelo Skacore com o Lisabi, passando pelo jazz negro do Mama Gumbo, correndo ao Britpop do L´Avventura, ainda teriam o experimentalismo de mais uma nova empreitada, o Malditas Aeromoças e o Fator Acochativo, que resenhamos na sequência, além da discotecagem Independência ou Marte. As iniciativas do MACACO mais uma vez trazendo apresentações inéditas para São Carlos e ao mesmo tempo propondo apresentações. Um movimento que vem ampliando suas discussões e levando-as a uma gama maior de pessoal, pontuando-se por todo ano a ponto de ser idéia contínua na mente de muitos.
Plantemos bananeiras, porque o MACACO tem fome!
Mais fotos desta e outras noite da Semana do MACACO podem ser vistas no Picasa do MACACO e também no Flickr do Massa Coletiva.
Setlist Lisabi
1. Thank you all; 2. Quit your life; 3. Frederich Phelps; 4. Snare; 5. Dó Maior; 6. Language itself; 7. Ah my God, it´s Anarchy!; 8. Zelda; 9. Ambiência;
Setlist Mama Gumbo
1. Bunco Vunco Congo Flyes; 2. Brubeck "En" Pesadelo; 3. Cleopatra Jones; 4. Immigrant Song; 5. Mawela; 5. Take Six; 6. Misha em Devaneio; 7. Ytcha;
Setlist L´Avventura
1. Say it so; 2. Song about you; 3. God grows; 4. The days that were good
5. So lonesome; 6. Maybe one day; 7. To hurt people I love; 8. Lady, lady; 9. That will do;
Setlist L´Avventura
1. Say it so; 2. Song about you; 3. God grows; 4. The days that were good
5. So lonesome; 6. Maybe one day; 7. To hurt people I love; 8. Lady, lady; 9. That will do;
Texto: Felipe Adachi e Vanderlei Reis
Fotos: Vincent de Almeida
Um comentário:
Foi incrível essa noite do Macaco! Que lugar é o campus 2 pra rolar um festival! Parabéns para os organizadores do evento.
O show do Mama Gumbo foi de tirar o fôlego!
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