Cobertura: Festival Macacada no Campus 2



E para começar 2010 com o pé direito, temos enfim a primeira atividade cultural da USP São Carlos, situada no (ainda) tão subaproveitado Campus 2! Trata-se da Macacada, festival promovido pelo MACACO, juntamente com a SAAero (Secretaria Acadêmica de Engenharia Aeronáutica) e a SAPA (Secretaria Acadêmica Pró-Ambiental), para integrar as atividades da Semana de Recepção dos Calouros, inclusive figurando na Calourada Unificada com apoio do DCE Livre da USP Alexandre Vannucchi Leme, oferecendo aí algo um pouco diferente dos polêmicos eventos tradicionais.

Contudo, não só trazer o MACACO desde o primeiro momento do ano letivo da USP São Carlos era a intenção da Macacada. Um aspecto deste festival que deve ser salientado são as justificativas a escolha do local de sua realização, o Campus 2. Há várias ideias envoltas nesta proposta. Em uma primeira análise, faz-se justamente com que os estudantes conheçam melhor a área para onde ocorre a desenfreada expansão de vagas da USP de São Carlos, com os cursos novos ali instalados, como as Engenharias Aeronáutica, Ambiental e de Computação, além da Física Computacional e da novíssima Engenharia de Materiais. Apesar de já ter lá seus cinco anos de uso corrente, afora estes estudantes com aulas regularmente, os demais cursos desconhecem as condições dali, assim como a própria população da cidade, que apesar de conhecer seu nome, sequer sabe onde fica. Assim, fazer o uso do espaço por uma ação deste porte é também fazer seus problemas serem conhecidos de todos.

Outro aspecto interessante desta escolha está na tentativa de aproximação da população dos bairros próximos, buscando a integração entre estudantes e comunidade. Afinal, trata-se de um espaço público, embora a USP tente fechar suas portas ao mundo exterior a todo custo. Com atividades realizadas durante a tarde daquele 05 de Março à porta do Campus, fazia-se um convite à população. Infelizmente, o choque ainda é grande demais e houve pouca participação. Novas tentativas são necessárias, com contato mais direto e parceria conjunta com a comunidade.

Enfim, num espaço privilegiado destes, com gramado aconchegante e sem vizinhos por perto, há possibilidades infinitas para todo tipo de atividade. Não usá-lo seria, definitivamente, um pecado.

Agora, vamos falar de música?

Abrindo a noite, tivemos a já conhecida e da casa Aeromoças e Tenistas Russas. Aos que não conhecem, confesso que visualmente não são tão atraentes quanto o nome sugere, mas acabam compensando com a boa música. Não me arrisco a classificá-los em qualquer estilo, já que cada música carrega elementos distintos, passando pelo jazz, samba, pop rock e mesmo o eletrônico. Para pessoas como eu, que não conferiam um show dos caras há bastante tempo, agradáveis surpresas, como as músicass Insomne e Kirilenko, recém saídas do forno. Ecleticidade é sempre bom, mas com tanta variação de estilos, às vezes instrumental, às vezes cantado, a impressão que me passa é que estão passando por uma fase de transição, limando o estilo e se encontrando. Bom, esperamos que agora que estão caindo às graças do público, com produção renovada com camisas, discos e videoclipes (como esse aqui), não deixem de continuar tocando por aqui. Quando conquistarem fama internacional e uma legião de fãs no Japão, aí sim dá-se uma colher de chá. E vai lá o vídeo da música nova, Kirilenko, gravado direto na Macacada:


Depois de alguns minutinhos da sempre boa discotecagem do Independência ou Marte, sobe ao palco Jennifer Lo-Fi, vinda diretamente da metrópole. Como os caras nunca tocaram em São Carlos e nunca foram comentados aqui pelo no blog, vai lá uma introdução: Jennifer Lo-Fi é composta por Sabine Holler, Filipe "Miu", Caio Freitas, Luccas Villela e Gustavo Santos. Cortes de cabelo extravagantes, camisas listradas, dancinhas esquisitas: nota 10 no quesito indie.

Ao começo do show da J-LoFi, houve alguns problemas técnicos com o vocal, mas afora isso, a banda surpreende bastante. Também, com um bom vocal feminino e toneladas de efeitos aliados a bom gosto e criatividade não poderiam dar em coisa ruim. E no bom gosto, ficam claras as influências de bandas como The Mars Volta e Sonic Youth. Sempre tive muita vontade de ver esses caras ao vivo e, realmente, foi um belo show, apesar de me parecer que estavam se sentindo pouco à vontade no palco, sem entrar numa dinâmica boa com o público.

Mais um tempinho para curtir o vento gelado que aramava naquele dia em que quase choveu e partimos para um instrumental dos bons, vindo lá de Recife: A Banda de Joseph Tourton. Quem foi Joseph Tourton eu não sei exatamente, mas a banda que começou tocando numa rua que levava seu nome consiste dos nomes Diogo Guedes, na guitarra e efeitos, Gabriel Izidoro, na outra guitarra, escaleta, flauta e mil efeitos, Rafael Gadelha no baixo, e Pedro Bandeira, na bateria. À primeira ouvida, as primeiras relações que me vêm à mente são outras instrumentais, feito Hurtmold e mesmo Malditas Ovelhas!, esta já bem conhecida por cá. Claro, Joseph Tourton traz um inconfundível toque pernambucano a mais. Os caras também fazem bom uso de instrumentos menos convencionais como a flauta transversal e a escaleta, além de empregarem muito bem os recursos oferecidos pelos laptops que carregam a tira-colo durante o show. Muito bom saber que o rock experimental vem adquirindo representantes de peso no cenário alternativo brasileiro.

Bom, sobre o QISP, Quinto Impacto de São Paulo, acho que não tenho muitos comentários a fazer, já que o mundo do Hip-Hop é algo completamente desconhecido para mim. Limito-me a dizer que a aceitação do público foi muito boa, e acredito inclusive que muitas pessoas presentes estavam lá exclusivamente para ver o QISP. Vale comentar que, apesar de já conhecermos na mesma vibe os sancarlenses do Zero16, o QISP faz seu rap usando não só de discotecagem, mas com baixo, guitarra e bateria rolando no palco, o que é um atrativo a mais, além de três sujeitos no repente. Acho interessante e, obviamente, muito bom, o fato de que um festival com bandas de estilos tão variados tenha dado tão certo.

E para aumentar ainda mais a variedade de estilos, a noite se encerra com o bom MPB do Quizumba para acabar bem sancarlense, do jeito que começou. Ao contrário do que achei que aconteceria, com o último show já as duas e tantas da madrugada e apesar do frio, foi justamente o mais cheio, ao menos na concentração de público imediatamente a frente do palco. Há um público cativo da banda, que espera ansiosamente para vê-la. Encerrar com música brasileira realmente é uma boa pedida, naquele vocal gostoso e o instrumental bacana já conhecidos de outras paragens.

E assim a Macacada invade o Campus 2! Bom, esperemos que continuem por lá. Árvore é que não vai faltar.

E tem mais fotos aqui! E podem aguardar mais surpresinhas!!!

Ah sim, tem os setlists:


Aeromoças e Tenistas Russas
01. Saguis; 02. Bang Bang; 03. Insomne; 04. Mirela; 05. Instrumental 1456; 06. Solarística; 07. Kirilenko; 08. Sex Sugestion; 09. Samba!; 10. Jacques Villeneuve Experience; 11. Smonkey Skulls;

Jennifer Lo-Fi
01. Escafandro; 02. Instrumental; 03. Catarse; 04. Ataraxia; 05. Delírio Coletivo; 06. Coletivo Segundo; 07. Michael Caine; 08. Pedacabo;


A Banda de Joseph Tourton
01. 16 Minutos; 02. Lembra o quê?; 03. Salomão; 04. Provolone; 05. 100 m; 06. Aquaplanagem; 07. #03;

QISP
01. RG Manifesto; 02. Retrato Brasileiro; 03. Viagem com Consciência; 04. Medley Tim Maia (Azul da Cor do Mar/ Se Me Lembro Faz Doer); 05. Ataque Popular; 06. Nove Anos Atrás; 07. Olhar Acima de Nós; 08. Racionais MC´s (Fórmula Mágica da Paz); 09. Periferia da Paz;

Quizumba
01. Bola de Meia, Bola de Gude; 02. Ladeira da Preguiça; 03. Conta Outra; 04. Domingo no Parque; 05. Samba do Grande Amor; 06. E o Mundo Não se Acabou; 07. Lavadeira do Rio; 08. Anjo de Fogo; 09. Prece Cósmica; 10. Curto de Véu e Grinalda; 11. A Volta do Malandro; 12. Naquela Mesa; 13. Cara Valente; 14. Para Ver as Meninas; 15. Águas de Março; 16 Tive, Sim; 17. Pedro Pedreiro; 18. Dinheiro (Participação Especial-J.Gheto, do Zero16); 19. Santana; 20. Panis et Circenses; 21. Amor; 22. A Deusa dos Orixás; 23. Partido Alto; 24. Sem Compromisso; 25. Camisa Listrada; 26. Ave Maria no Morro; 27. Bandeira Branca;


Fotos por: Catita Alves (Aeromoças e Tenistas Russas), João A. Cassaro Júnior (Palco) e Vincent de Almeida (Jennifer LoFi, A Banda de Joseph Tourton, QISP e Quizumba).

Um comentário:

Vanderlei Reis disse...

E tem mais vídeos da Macacada por aí! Vai lá A Banda de Joseph Tourton:

http://www.youtube.com/watch?v=Tuhbm9iwDS4