Se fossemos seguir a linha de nosso post anterior sobre o Grito Rock São Carlos deste ano, com certeza não teríamos bons comentários sobre as duas noites de Carnaval, seja Segunda, 23/02, ou na seqüência Terça, 24/02. Contudo, algumas das bandas ali surtiram algum efeito sobre a equiparagem do Programa Bluga, mostrando-se relevantes, tanto é que cá trazemos algumas impressões.
Claro, era Carnaval, mas aparenta-me que para a população do Armazém Bar não fazia muita diferença, tratava-se apenas de mais tempo livre pra ir curtir um bom rock, tomando o Grito Rock como das poucas atividades passíveis de se fazer para os mais incautos nesse feriado prolongado.
A primeira noite do Grito Rock, a mais curta das duas, começava às 21h. Prevendo atrasos, chegamos ao Armazém Bar, palco de quase-sempre, pelas 22h, e como bem suposto, por praxe, algum atraso aconteceu. Enquanto ainda não rolava o som, demos uma olhada na Praça Coronel Salles, recém-reformada, com iluminação charmosa para a noite. Lá aconteceria a Feira de Cultura e Economia Solidária no dia seguinte, em concomitância a terça-feira Grito rock São Carlos. Finalmente às 22h35 abria-se oficialmente a edição 2009 do Grito Rock, como bem anunciava o DJ desse começo de festa e de todo intervalo das bandas, Jovem Palerosi.
Sendo segunda-feira, dia corriqueiro do Programa Independência ou Marte pela Rádio UFSCar, nada mais justo do que fazer a transmissão ao vivo do Grito Rock no Armazém para os ouvintes. Infelizmente alguns problemas técnicos não possibilitaram a empreitada, um dos fatores que atrasou um poquito o começo das atividades.
Não que a primeira banda tenha tido alguma relevância. Dos cinco nomes apontados para esta primeira noite, a abertura do dia, a banda Inventiva, de Sorocaba, se mostrou o mais fraco de todos, uma grande falácia, começando já pelo seu nome. Traziam a ridícula proposta de fazer garage rock mais que propositadamente estúpido, escolhendo temos banais para tratá-los da maneira mais degradante possível. Usando de riffs ainda mais desgastados que esmalte de unha de faxineira, nada acrescentam, se é que não desmerecem algumas ideologias. Se isso é o resgate do espírito rock, lamento, mas eu desisto.
Se alguém se interessar, segue o setlist:
01.Rádio Sapólio; 02.A Vida Secreta de Genésio Tobias; 03.Frito e Assado; 04.Não; 05.Bafo (In the Morning); 06.Mary Jane; 07.Arroz de Puta; 08.Yakult; 09.Papa; 10.Cortaram meus Braços; 11.Beco do Inferno; 12.Cabaret; 13.Viet Nam; 14.Dr. Mastur Bando; 15.Cotidiano; 16.Dorflex.
Essa foi uma das poucas apresentações onde o tempo delimitado para cada banda, de 30 minutos, foi longo demais. Felizmente o intervalo serviu para afastar o som ruim dos ouvidos, com Palerosi relembrando nosso querido Contato, com Bongs, Porcos e Cérebros emendados um atrás do outro. Mas enfim, o Grito Rock ainda daria sua cara como grande festival...
Mudando justamente da sopa sem sal da internação na Santa Casa para as tortas caseiras da mamãe ganso, vinha na seqüência a Homiepie, de São Paulo. Os já-antes-famosos Flávio "Six" Seixlack (voz e guitarra) e Denis "Denem" Fujito (guitarra) mais a menina Bruna (voz, teclado, metalofone e percussão) traziam na bagagem umas poucas faixas, maioria delas já gravada no EP Fireworks, mas que cairiam redondas no seu tempo de palco. Esse material bebe de uma onda que ganha força nos EUA, transparecendo por aqui no cinema, nessas películas estreladas por Michael Cera, como Superdbad, Juno e Nick and Norah's Infinite Playlist. Trata-se da exaltação nerd, que assume o posto de belo, atraente, o novo sexy e cool. Os três trejeitam-se assim do vestuário listrado e tênises all-star-adidas aos óculos fundo de garrafa. Tamanha é a força dessa onda que nos seus pouco mais de seis meses de vida o Homiepie já chamou a atenção da mídia independente e tocou ao lado de gente muito grande, sinal de que há ouvintes para esse som.
Vamos nos delongar poquito mais nesses garotos e dedicar o posto a esse som folk, com estes índios entrando na hora das bruxas para a sua meia-hora de show. Trouxeram de primeira faixa a abertura do EP, I mean, Fire. Ao vivo o som em nada difere do lo-fi das gravações, com direito às incursões de Bruna nos teclados e no metalofone, tão colorido quanto um brinquedo de criança, enquanto Six e Denem criam o clima de madrugada em volta da fogueira com violão e guitarra. Detalhe, a letra traz a frase "Ooh, four... I mean five... I mean fire!" proferidas por Maurice Moss, em The IT Crowd, numas das melhores gags de abertura da série britânica. Mais nerd, impossível.
Na seqüência, Piano, faixa que começa a embalar verdadeiramente a platéia do Armazém Bar. Toda divertida, sai ali pela primeira vez o acompanhamento de Bruna nos vocais em uh-uhs que dão o clima gostoso a faixa, além das palmas dela própria e de Denem acompanhando. São crianças fazendo música! A aura de timidez que os acompanha é mitigada no palco, deixando rolar a voz de Bruna, sem grande embaraço, mas não perdendo o jeitinho de ser. Denem, ao canto com sua guitarra pouco se mostra, aplicando-se tão somente ao instrumento e depositando ali seu sentimento, como que ignorando o restante dos acontecimentos.
Colorblind é a terceira da noite, que me trouxe a mente outro seriado, na abertura de The Office, pelo começo com os teclados e tudo o mais. Na seqüência, uma faixa nova, ainda não gravada, com direito ao Denem tirando uma escaleta sabe-se lá de onde (que TODO mundo está usando, pelos deuses, será que é por que na década de 80 essas coisas eram dos brinquedos mais legais de se ter?). Aparentava será faixa mais morosa até então, até a garota também sacar um pandeiro meia-lua enquanto segue o violão de Six, acompanhando a Escaleta de Denem. Apesar de não ser um vocal trabalhado, Bruna e Six funcionam juntos. Tudo é simples, mas cuidadoso, assim, realmente belo.
Falando em faixa nova, aparenta que eles têm algum material novo, que será liberado aos poucos, até fazer corpo para um álbum cheio. E de material novo seria a próxima faixa, lançada como single: You Melt, we Melt. De últimas, Bye, com mais corais, e Flying Machines, homenagem aos muitos filmes de Hayao Miyazaki, com suas máquinas voadoras. Viva Nausicäa! Flying Machines se mostra das faixas mais divertidas da noite, com direito a um coquinho fazendo as vezes de percussão na mão da menina. Faixa daquelas de chamar a atenção da platéia, que acompanha com um coralzinho de lá-lá-lás.
Em tempos de YouTube, com vídeos de baixa qualidade e áudio mono, o material desses garotos se ressalta. Seja um grande clichê indie ou não, Homiepie faz um som único em terras brasileñas e ganha créditos por conta disso. Seria desmerecido pela óbvia cópia lá de fora, mas enfim, não será nada inusitado se lá-fora vier buscar eles aqui dentro.
Pausa para mais discotecagem, com La Pupunha em lances do Dark Side of The Moon com ritmos paraenses. Nesses momentos, cabe comentar o clima do bar, que já estava muito perto de lotar, se é que não veio a lotar mesmo. Contudo, aparentemente o Armazém Bar não esperava todo este público para o Carnaval, deixando acabar a cerveja mais de uma vez. E esse fim-de-estoque levou a coisas inusitadas, começando a noite com long neck de Bohemia a R$2,50, passando por lata boba de Skol de 269(DUZENTOS E SESSENTA E NOVE)ml por dois paus e terminando com Brahma de 600 ml por R$3,50. Afora a própria lata de refrigerante, por incríveis R$3,00. Até entendo que nem toda a molecada caia na cevada, mas precisava chegar a esse ponto? Nem vou falar da organização da cozinha e as batatas fritas, senão não volto mais no Armazém. Ou volto, porque não tem outro canto mesmo.
Gigante Animal seria a terceira banda a se apresentar nesse pedacinho de Festival em São Carlos. Os rapazes já haviam excursionado por estas terras paulistas de pinheiros-do-paraná, na ocasião do 4x4 promovido pelo Massa Coletiva, em cima do formato do pessoal do Escuta Essa. Mas naquela ocasião não tivemos a oportunidade de vê-los. De qualquer maneira, não é dos sons mais interessantes, em nossa insaciável busca por novos horizontes, mas vamos ao show...
Os quatro rapazes subiam ao palco à uma da manhã em ponto, com Lucas Wirz, empunhando guitarra e ao mesmo tempo a frente dos teclados AND vocais, num lance meio Geddy Lee, tudo junto; ao seu lado, Henrique Zarate no baixo e voz; Renato Ribeiro mais ao canto na guitarra e Thiago Andrade ao fundo com as ferragens da bateria.
Trouxeram de uma paulada só três faixas, Sujeito Oculto ou Caminho Haurido, Santa Paciência e As Mesmas. Intervalinho inteligente em silêncio, fazendo parte da apresentação e emendaram mais duas, Pra Mim e Compasso, onde o vocal se concentrou no baixista, Zarate, que vai se revezando com Lucas Wirtz ao longo do show. Apresentaram a banda finalmente, pra vir ao excerto final do show, com Agora Tanto Faz, Diz Ter Certeza, Conjuntivite e Ah, Tá Bom.
Nos finalmentes, seu som se assemelha com várias outras bandas que vem despontando por aí, num rastro de Loser Manos e Camelos. Refletem a preocupação com certo lirismo nas letras, priorizando-as em relação ao instrumental, por vezes mais simples, mínimo. Em estúdio, notadamente os vocais sobressaem-se, tentando justamente reforças essa impressão. Na mesma pegada de gente como a Instiga, de Campinas, que vimos no Festival Rock na Estação de 2008, de Vanguart, do primeiro Contato, ou em vários aspectos como outra das muitas "revelações", a Ecos Falsos.
Confete e serpentina aos ares, pra lembrar que é carnaval, e às duas da matina sobe o The Violentures. De longe seria a banda mais profissional da noite, por assim dizer. Aparenta-me que em vias de fato assim o é, com os sujeitos tendo alguns anos de palcos, o que explica a postura firme e desenvoltura, bem como o ótimo material. Nas palavras do próprio baixista, Carlão Brando, enfiado em um jeans surrado e coturnos, com tatuagens aos montes nos braços por conta da regata vermelha "...começamos como uma banda de Surf Music e agora colocamos um pouco de garageira no meio", o que com certeza faz um com caldo. Ao seu lado, a guitarra de Stenio Von Zuben, genial. Aliás, guitarra divertidíssima, com tirante de estampa de oncinha e um decalque com o rosto da figura no verso. Fechava o trio Fábio Truck Boy, não menos competente, com muita força na batera.
Apresentaram a maioria das composições de seu último álbum, datado de 2005, Garage Boosters, entremeado por algumas composições mais antigas. Segue o setlist: 01.Shake'n'Move; 02.Astroman; 03.El Cabron; 04.Casbah Fever; 05.Garage Boosters; 06.Octo Punch; 07.REC (Recognize Me); 08.Endless Girls; 09.Poseidon; 10.Black Widow.
Se portando como num grande festival, saíram cobertos de palmas, além de outras tantas despendidas a cada performance música-a-música. Tanto é que foram a primeira banda da noite a deixar o palco sob pedidos de bis, que obviamente não foram atendidos. Lembrem-se, festival, tempo contado, muitas bandas, nada de repeteco.
Para encerrar os shows propriamente ditos da noite, viriam os sujeitos do Narcotic Love, de São Paulo. Encerrar a balada ao som de eletro é exatamente o que o público queria nessa noite de Carnaval, depois da canseira que nos deu o Violentures. Com uma produção visual bacanuda, a entrada arrebatadora do vocalista com um megafone vermelho berrante, combinando com sua camiseta em contraste com o restante da banda trajando preto. Engraçado como o rock usa desses artifícios visuais desde sempre, não?
Vocais de um pop empolgante, bon-joviano, ao lado das maquinadas na bateria acompanhada por um baixo marcado acompanhando a guitarra geniosa, fazia-se o clima dançante. Seu show se centrou nas faixas de seu álbum homônimo, disponível para download no Trama Virtual da banda. Realmente embalaram o pessoal ali, que ora cantava junto os refrões em inglês, mas grudentos de simples, ora acompanhava com palmas, sem nunca deixar de se mexer freneticamente.
E quando pensamos que tudo acabou, lembramos que ainda tem a discotecagem de Humberto Finatti. Aqui dando as caras como DJ, com direito a air guitar usando uma guitarra na real, rolou um som além das cinco da manhã, correndo por várias das décadas indie, quase em retrospectiva, na verdade. Embalou muito bem a galera dando continuidade a festa por boas duas horinhas. Enquanto crítico de música, jornalista que é, fez a cobertura do evento em sua coluna Zap'n'Roll sobre o Grito Rock, com elogios a algumas bandas e à organização, tida como superior a da terra-mãe do festival em Cuiabá. Em paralelo a isso, impossível não destacar, teceu comentários voluptuosos ao mulherio são-carlense e em especial a uma das senhoritas da organização do Massa coletiva. E o Massa, claro, não poderia deixar de aproveitar esse material, divulgou o texto em seu blog. Contudo, tesourou as passagens mais interessantes, pra não dizer as picantes, e a alfinetada ao pessoal do peixe-com-maxixe. Enfim, que fizessem a venda da imagem deles, reapresentassem os comentários, no que comumente chamamos de na tal blogosfera, mas não tesourassem o texto e o vendessem como na íntegra. Mas paremos de falar, senão daqui a pouco barrarão certas pessoas a porta dos eventos. E, apesar dos pesares, os eventos do Massa valem à pena.
E ainda nos resta falar de terça, mas isso fica pra outro post. De qualquer maneira, mais fotos podem ser conferidas na conta do Picasa do Programa Bluga. Confiram!
Fotos: Vincent de Almeida
3 comentários:
E ae velho.. aqui é do Inventiva quem posta... só postei anonimo pois n tenho ID aqui...
Rss cara... sinceramente vc acha q é 1 critico musical, porém vc é 1 meninão de colônia com 1 computador e 1 teclado na mão. Esse é o grande mal da internet, qualquer merda como vc pode escrever o que acha, sem nem ter estudado como é q se faz uma crítica de verdade.
Não que não aceitamos críticas, mas vc se expressou mto mal, e como esse daqui pelo q vejo não é o seu blog pessoal, voce falou mta merda baseada nas suas opiniões...
Vamos lá:
1 - Ridicula proposta de fazer 1 rock propositalmente estupido - Bom, realmente o som é escrachado propositalmente e usa termos fortes... vc pelo jeito deve gostar de letra de amor, onde a mina chifra o cara, pois vc lembra do corno do seu pai...
2 - Criticar o nome INVENTIVA - Bom cara... não vou comentar do nome do blog, pois quem falou merda foi vc e os outros q escrevem aqui não tem nada a ver...
3 - Falar que o som desmerece algumas ideologias - Potz cara, nessa vc falou 1 asneira sem tamanho... primeiro... a sua ideologia não é a que todos acreditam... podemos desmerecer a sua ideologia de viadinho... concordo... mas não desmerecemos nada... posso até concordar tb que temos riffs mais desgastados do que a vagina da sua mãe...
3 - Resgate do espirito rock - Quem é q disse q o nosso som era o resgate do espirito rock? Acho q vc estava fumando pedra qndo escreveu isso, pois ninguem disse nada... realmente eu acho q vc deve desistir pois esse foi 1 comentariozinho sem fundamento... o que só confirma pra mim que vc é um verdadeiro filho da puta de merda...
Bom ... é isso ae amigão... espero q vc faça mtas criticas as varias bandas... mas de maneira construtiva... e sabendo que a sua ideologia ou os seus valores são diferentes dos de outras pessoas que estarão lendo o q vc escreve... faça 1 curso de jornalismo... ou então vire homem e pare de escrever como o Leão Lobo....
Ah.. se vc não gostou, qndo vc nos ver vc fala na nossa cara e teremos o maior prazer de esfregar sua cara no asfalto...
Abraços!
Cara, não estamos preocupados em agradar as pessoas, ainda mais as pessoas como você. O nosso barato é tocar o terror, e se você se sentiu tão "ofendido" com nossa apresentação, a gente acha é ótimo.
Abraços
Rodrigo(Inventiva)
Cara, estamos quase terminando nosso novo som, quando agente lançar, eu te mando em primeira mão e com dedicatórias.. você vai entender..
praquem quiser conferir..
www.myspace.com/inventiva
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