Neste ano seriam apenas dois dias de show, levando a especulação sobre verbas, negociações de espaço e afins. O local do evento mudou também, indo para a Praça do Mercado, aqui em São Carlos, saindo da Estação Cultura, antiga Estação Ferroviária da cidade, perdendo o charme dos trens passando ao largo da apresentação, mas mantendo o formato de dois palcos confrontando-se. Como não poderia deixar de ser estaríamos lá para conferir na íntegra os eventos.
Na véspera desse fim-de-semana tão esperado pelo Programa Bluga, o 2º Festival Contato já atravessava sua metade, hora certa de confraternizar. Estava armada mais um Independência ou Marte- A Festa!, naquela sexta-feira, dia 10 de Outubro, no Armazém Bar. Parcas são as ocasiões em que se pode ver este bar lotando ao som de tão boa música, e muitas destas poucas vezes são nos eventos do Independência ou Marte.
Lotação da casa atingida logo cedo, abria a noite uma das muitas bandas da prolífica Mogi das Cruzes. Vício Primavera apresentava seu som, na hoje mandatória mistura de influências, indo do Rock ao Manguebeat e do Pop ao Funk. Entretanto, apesar do bom instrumental apresentado, parecem esquecer-se que música boa não se faz só de pretensiosa poesia nas letras.

Este ano o Contato se reinventava trazendo como proposta a RECOMBINAÇÃO de seus elementos. Sendo um festival multimídia, a idéia era fazer esta experiência realmente em muitas mídias, fazendo a união áudio-e-visual de fato. Nessa linha vinha a apresentação do Javali, ao mostrar ao público suas composições aliadas à imagens tridimensionais projetadas em um telão. E veio a mistura!

E do projetor, as cenas do filme O Monstro da Lagoa Negra (Creature From The Black Lagoon), de uma cópia restaurada por Leonardo Andrade, professor do Curso de Imagem e Som da UFSCar. Estas cenas podem ser vistas na página pessoal de Leo, se você tiver óculos 3D anaglíficos, aqueles de lentes azul e vermelha, como os que foram entregues antes da apresentação com arte manual da RUA, Revista Universitária de Audiovisual, causando sensação aquela noite e dando estilo aos transeuntes do bar.
O Javali tocaria sete faixas, três delas conhecidas nossas da Praça do Mercado, com Bigga Johnny na bateria: Space Combo, Voa e Don’t Stop; Mais, quatro faixas inéditas, com Fabiel Merck pulando pra bateria em três delas e voltando pra quarta novamente aos teclados: Limite ou Princípio do Prazer, Trieste, única faixa com uma letra bem definida, que não o gibberish ou a monossilábica Voa, C and Grace, altamente psicodélica, finalizando com Jumpin’ Monkey, Orange Cloud.
Nessa mescla sensorial, perdeu-se muito das cenas tridimensionais, por conta da alocação do projetor, que privilegiava para experiência plena apenas um ângulo de visão ótimo usando também das camisetas dos músicos. Tamanha era a expectativa daqui para essa apresentação que resta dizer que o impacto inicial foi menor que o esperado. Contudo, aguardar até às duas faixas finais para dar o veredicto era necessário, pois elas foram exatamente o que esperávamos. Como disse o Jovem ao final, “Novos experimentos acontecerão!”
E nós estaremos lá para ouvir. E ver?
Fotos: Dani Teixeira
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