Relato do Aliba #05: Stian Westerhus no Elbjazz


Stian Westerhus, Elbjazz, Hamburgo, 27.05.2011

Guitarrista com um vasto currículo, Stian Westerhus toca em bandas como Jaga Jazzist, Monolithic, Puma, Nils Peter Molvær e outras tantas. Participou também em diversos álbuns de outros nomes, como o último álbum do Ulver, e produziu mais uns vários. Neste show no Elbjazz, dentro de um navio, Stian entrou no palco com sua guitarra semi-acústica, seus milhares de efeitos e um pequeno público, menos de 100 pessoas. 

A partir do momento que começou a tocar, parecia estar em transe: a única coisa que importava era o som. E nisso permaneceria por cerca de uma hora, sem parar, somente com improvisos, indo desde a sonoridade mais sublime até a mais visceral e obscura. 



Em alguns momentos utilizava mais os pés do que as mãos para que conseguisse os efeitos desejados. Stian tem perfeito conhecimento sobre todos eles e como interagem entre si, sempre conseguindo criar aquilo que deseja. Dançava com seus pedais. Também utilizou um arco de violino (e não só pra se aparecer) para fazer com que a guitarra realmente soasse como um violino. Usava até algo como pregadores de metal, bastante maleáveis, presos nas cordas. E gritos no ar. E gritos, soprões, nos captadores, nas cordas. Além de tudo isso, ainda se inspirava em sons alheios para suas composições de momento: Tosses, celulares, pessoas subindo e descendo a escada, tudo lhe servia de instrumento e inspiração. 


Após o término da apresentação, ele deixou o palco com sua guitarra e, a platéia maravilhada com o que acabara de presenciar, aplaudiu incessantemente por mais de cinco minutos. Talvez até dez, não faço a mínima idéia de quanto tempo passou na verdade, já que foi realmente um choque. Depois disso, enquanto ainda restavam algumas palmas, ele voltou ao palco e, quando todos acreditávamos que somente voltara pra  agradecer, fomos novamente supreendidos quando ele pegou o cabo de áudio da guitarra e tirou música dele usando seu arsenal de efeitos. Simplesmente genial! 

Como inclusive diversos comentários a seu respeito dizem, é realmente díficil explicar o que ele faz, não há ninguém que suceda e esteja próximo de algo assim. Já pensei muito a respeito e a conclusão a que chego é que este é o maior gênio da guitarra atualmente, não havendo alguém minimamente próximo de sua técnica. Mais que um Jimi Hendrix do novo milênio, já que as diferenças são muitas, a começar por não estar no mainstream. Mas estas diferenças só colocam Stian em um nível ainda mais alto, se é que podemos falar em níveis.



Otávio Medeiros, o Aliba, se ocupa com festivais pela Europa e nas horas vagas estuda na Alemanha. Este é mais um relato compilado de seu Diário de Viagem. Veja mais fotos das andanças pela Europa lá no Picasa!


P.S.: Como sou um péssimo escritor e manuseio muito mal as palavras, acho injusto que quem leia isso se oriente apenas pelo que escrevi aqui. Então também vou deixar vídeo da famosa sessão na BBC e o que escrevem sobre ele por aí, compilado de seu site.


''For the last few years Stian Westerhus has put more and more energy into challenging the electric guitar alone on a stage. Having been blessed with little or no respect for the instrument his performances balance raw expressiveness, virtuosity and melodic instinct utilizing his Norwegian heritage as well as growing up listening to Slayer. 
With a soundscape far beyond the standard guitar he seeks to push the boundaries for improvised music across the muddy waters of genres.''


“The sense of menace is generated with huge energy by the belligerently brilliant Norwegian guitarist Westerhus who coaxes a plethora of tortured sounds from his axe, bowed notes elongating into harmonic dismemberment of epic proportions. (...) This is heady, sometimes heavy, otherworldly stuff, fuelled by jazz but never hindered by it. Welcome to the new century of improvised music." 
- JazzWise Magazine, U.K. 


“Pulverizes every notion people may have about every kind of guitar hero. There are guitar sounds here you have never heard before.” 
- Midjo, Trønder-Avisa (N)


“..this is such unbelivably beautiful music, which despite it’s first apparent inaccessibility is incredibly easy to love, and hits me directly in some sort of absurd music-lover’s nerve center. Unconventional music in the highest degree, but at the same time so much more moving than the vast majority. (...) Look forward to the journey to another place!”
- KimVonKlev (N)


“There's little in the canon of solo guitar—with the possible exception of Derek Bailey and Fred Frith—that can prepare or set precedence for Norwegian guitarist Stian Westerhus and Pitch Black Star Spangled, an album that utterly redefines the concept of solo recording.”
“Melody according to Westerhus, however, is unlike any melody you're likely to hear elsewhere.” “...some of the most exciting new music on the instrument”
“Pitch Black Star Spangled is a masterpiece of solo guitar, positioning the boldly unrelenting Westerhus as an artist whose realized promise only suggests far more to come.”
“one of Norway's most important new voices.”
-John Kelman, All About Jazz (US)

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