O Elbjazz é um festival de origem recente - acredito que esta tenha sido a segunda edição - onde a ideia foi utilizar áreas do porto de Hamburgo como palcos, às margens do rio Elba. Nisso são aproveitadas diversos espaços como a área de reparos de navios da Blohm+Voss, onde o trabalho continuava normalmente durante o evento.
HafenCity, área do porto que foi revitalizada, hoje lar de milionários, também era usada. HafenCity também abriga as mais novas construções da cidade, como a famosa Filarmônica do Elba, cujos custos públicos hoje são mais que o dobro do projeto inicial (de 190,9 para 399,9 Milhões de euros, isso em novembro de 2008, hoje provavelmente já seja muito mais).
Também foram utilizados o Museu do Porto, dois navios e um teatro. Pelo fato do festival ser no porto, tiveram a interessante idéia de utilizar barcos como meio de transporte. Porém não foram tão bem sucedidos, já que não havia tanta disponibilidade dos mesmos, então imensas filas se acumulavam e se perdia um tempo precioso ali. Outro problema é que fui enganado na compra do ingresso quando me falaram que não poderia levar cameras, assim, infelizmente não possuo nenhuma foto do primeiro dia.
ELBJAZZ, HAMBURGO, PRIMEIRO DIA - 26.05.2011
Gabby Young & Other Animals (UK) - Show aberto, foi uma prévia para o festival. Ou pelo menos foi o que disseram, já que não fui para o festival esperando isso. Som animado que em alguns momentos até fez os alemães dançarem um pouco (Ah, preconceitos!). O ponto alto do show foi quando inesperadamente os dois violões que foram levados estavam com as cordas estouradas, deixando que o trompetista do grupo ficasse sozinho no palco mandando uns improvisos.
ELBJAZZ, HAMBURGO, SEGUNDO DIA - 27.05.2011: O dia da Noruega!
Helge Sunde Ensemble Denada (NO) - Apesar do nome lembrar algo do português, ele foi tirado de uma música de não me lembro quem. Essa era uma big-band norueguesa muito boa, com um contrabaixista excepcional. Infelizmente devido a sobrecarga do sistema de transportes do festival só pude pegar o final da apresentação. Segundo a página dedicada a eles no site do evento eles mandam hardcore jazz, música de câmara, grooves e improvisação livre.
Lars Duppler Rætur (IS) - Ouvi apenas duas músicas já não queria correr o risco de perder alguma parte do próximo show, pois precisaria pegar outro barco pra chegar lá. Uma das músicas lembrou um pouco de seus compatriotas do Sigur Rós enquanto a outra me lembrou algo do álbum The Dragons of Eden do Buckethead com Travis Dickerson, porém elas eram algo muito mais simples e menos intensas do que as músicas a que remetiam.
Stian Westerhus (NO) - Prefiro deixar os comentários pra uma sessão aparte, pois senão isso aqui iria ficar muito extenso! Aguardem o próximo relato!
Sidsel Endresen (NO) - Cantora solo, realmente solo, utilizava somente a voz e nada mais. Mas, a utilizava de formas experimentalmente bizarras que exigiam muito do corpo, tendo que se posicionar de diferentes maneiras pra conseguir o som desejado, forçando algumas partes do corpo pra tirar outros sons e por ai vaí. Às vezes a voz saia com uma sonoridade meio que "molhada", enquanto outras parecia um voz alienígena!
Sessão Norueguesa (NO) - A maior decepção do dia. Fui todo esperançoso ver esta apresentação depois de ver a descrição no site do evento, dizendo que todos os músicos da terra dos fiordes foram convidados para tocarem juntos e sem nada previamente preparado. Nisso esperava ver Stian Westerhus e Mathias Eick do Jaga Jazzist junto com Sidsel Endresen. Mas comecei a desconfiar quando conversando com o Stian ele afirmou que não sabia de nada disso e que só iria tocar novamente no dia seguinte. A tal noite norueguesa acabou sendo três membros da Helge Sunde Ensemble Denada que chegaram com partituras e tudo, tocando o que liam com alguns breves momentos de improvisos. No final eles convidaram qualquer músico que estivesse na platéia pra subir e tocar com eles, mas esses também não fizeram muita coisa, seus improvisos baseavam-se somente em padrões específicos. Ou seja, não eram improvisos.
ELBJAZZ, HAMBURGO, TERCEIRO DIA - 28.05.2011
Papa Carlos Kamin (UA) - Trombonista solo, que utilizava muito o efeito de looping nas músicas. Além do trompete também fazia algumas coisas no beatbox, que quebrava oportunamente as camadas criadas pelo looping, que traziam uma profundidade bem intensa.
Nik Bärtsch Ronin (CH) - Meio minimalista, meio ritualístico. Frases são repetidas constantemente com leves alterações. Introspectivo e bem detalhista. Como o próprio grupo se define, são um zen-funk. Acho realmente díficil explicar decentemente o que eles fazem, por isso vou apelar novamente a textos já prontos e dessa vez vai um do próprio site dos caras: "Sua música segue uma visão estética sobre diversos aspectos intrumentais. criando o máximo de efeitos com o mínimo de meios." Essas formas não são somente sobrepostas de maneira pós-moderna, mas sim numa amálgama, num novo estilo coerente. Não sei qual a razão desse nome, mas todas suas músicas tem como nome Modul, seguido de um número.
Stian Westerhus & Sidsel Endresen (NO) - Esse foi o real encontro de noruegueses com improviso. E que encontro! Stian, impecável como vocês poderão ler logo menos, e Sidsel, com seus cantos bizarros. Pena que ela não fez nada tão intenso como no dia anterior, mas provavelmente isso se dê ao fato de que o que ela faz exije muito do físico e provavelmente ela não consiga fazer isso por dias seguidos. Mas mesmo assim foi muito, muito, muito bom! Ainda me impressiono como esse país que tem menos da metade do número de habitantes da cidade de São Paulo tenha tanta coisa magnífica.
Balkanoid (DE) - Banda de Hamburgo de música balcânica. Faltou espaço para o público, afinal o show foi dentro de um navio. Foi um dos últimos do festival e as pessoas não queriam ficar ali simplesmente paradas vendo a banda tocar... Afinal música balcânica sempre incita a uma dança. Além da música também rolaram projeções cômicas, que ficavam insistentemente repetindo algumas cenas engraçadas de filmes que desconheço.
Otávio Medeiros, o Aliba, se ocupa com festivais pela Europa e nas horas vagas estuda na Alemanha. Este é mais um relato compilado de seu Diário de Viagem. Veja mais fotos das andanças pela Europa lá no Picasa
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