Cobertura da 5ª Semana do Macaco: Sexta-Feira - Murilo Martinez, Gustavo Mineiro e Dó Bemol!



Já se aproximando do fim, o sétimo e último dia do MACACO vinha para fazer o encerramento em grande estilo, regado a uma agradável mistura de MPB, música instrumental e danças populares. Como já estamos falando do fim, os mais atentos, e até os não tão atentos, devem ter percebido que pulamos os eventos ocorridos na quarta e quinta-feira. Infelizmente, não tive a oportunidade de conferir as apresentações desses dias, de modo que ficaremos devendo essa parte da semana. Mas atenhamo-nos ao que foi visto, e pulemos pra sexta-feira!

Dando continuação às atividades da Mostra Alimente o MACACO, que tem por intenção apresentar um pouco da produção artística da comunidade universitária, sancarlense e mesmo de outros cantos dentro do MACACO, tivemos a apresentação de Murilo Martinez, aluno de Mestrado em Química Analítica na USP-São Carlos. O show em si foi marcado por alguns problemas na sonorização, sem contar na dificuldade em ouvir seus comentários entre as músicas. Afora estes pequenos problemas, foi um belo show instrumental, muito bem-vindo para um fim de tarde de sexta. Murilo demonstrava habilidade inata e às cordas do instrumento, aliada aquela percussão feita no próprio violão que sempre impressiona. Será que tem aí uma influência de Andy Mckee, ou outros grandes do fingerstyle? Dentre as tocadas, estão Luz!, Edohigan, Remanescência e Sinfonia do Silêncio, todas elas presentes no seu próximo álbum Sinfonia do Silêncio. Gostaria de destacar alguma delas, mas todas são igualmente impressionantes, tanto pela técnica quanto pela beleza da composição. Incrível como existe música tão boa e tão perto, mas mesmo assim desconhecido pela grande maioria. Esperemos que o álbum por lançar contribua para aumentar o acesso à música de altíssima qualidade que temos por aqui.

Já ao cair da noite, o violonista Murilo Martinez cedia o espaço para Gustavo Mineiro fechar a Mostra Alimente o MACACO deste ano. Acompanhado de Murilo Matheus na percussão, Mineiro apresenta um trabalho com claras influências de artistas como Lenine e Zeca Baleiro de modo que sua música não possa ser chamada exatamente de inovadora, mas faz muito bem o que se propõe a fazer: música popular brasileira de qualidade. As faixas de autoria própria, presentes no disco recém-lancado Por Enquanto, não devem nada a obras de artistas já consagrados do gênero, sendo inclusive as mais pedidas pelo público. Escolhas, O Medo, João Ninguém e Carnaval foram algumas das tocadas no show que estão presentes no novo disco, destacando-se aí as duas últimas. Carnaval pelo fato de ser composta por Lulu, conterrâneo de Gustavo Mineiro, um simples homem cujas músicas não foram gravadas, mas que ainda sobrevivem graças a músicos como o próprio Gustavo. Ah sim, legal notar também que dentre os nomes citados na música estão os dos pais de Mineiro, em tempos antigos. E João Ninguém pelo caráter de desabafo de um engenheiro dedicado, cujo trabalho nunca é devidamente valorizado. Típico. Explicando melhor, Gustavo explica que a inspiração da música veio em uma ocasião em que teve seu nome confundido por João, após apresentação de um árduo trabalho. O público gostou tanto que até teve de tocar mais uma vez, no bis.

No restante do repertório, algumas interpretações de músicas de Lenine, Tom Zé, Sá e Guarabyra, além de uma faixa de uma antiga banda daqui de São Carlos, Lado C, da qual Gustavo fazia parte. Alguns problemas técnicos aqui e ali, e talvez o vocal um pouco baixo, mas nada que comprometesse seriamente a qualidade do show. A esta altura, já se configurava um público considerável, de modo que no fim da apresentação, o ambiente já estava cheio e querendo mais música.

E neste contexto entra Dó Bemol, trazendo um toque mais feminino para a noite. Depois de Murilo Martinez e Gustavo Mineiro, a voz daquelas meninas caia muito bem aos ouvidos. E na falta de uma, temos cinco: Dó Bemol tem na linha de frente as meninas Luanda Souza, Flávia Prazeres, Mirella Pavan, Marina Casonato e Ana Beatriz, acompanhadas de Dudu no violão e Juninho na percussão. O grupo, surgido inicialmente como um projeto de estudos vocais, apresenta música brasileira da boa, com muitas das canções já não se ouvidas por aí com tanta frequência, contribuindo assim para a importante tarefa de divulgar músicas que definitivamente não devem cair no esquecimento. E não apenas reprodução, muitas músicas ganham um arranjo totalmente novo feitas pelo próprio grupo. O repertório envolvia grandes compositores de variadas vertentes, como Adoniran Barbosa, Chico Buarque, Assis Valente, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, Cartola e Sivuca. Público aparentemente um pouco tímido no começo, mas sob estímulos das meninas o espaço à frente do palco aos poucos vai se enchendo com pares que aproveitam para dançar ao som das faixas mais “dançantes”. E já na última faixa, as próprias meninas descem do palco para se unir ao povo.

Setlist:
1. Uva de Caminhão; 2. Galo Garnizé; 3. Véspera de Natal; 4. Água de Beber; 5. Linda Flor; 6. Suíte dos Pescadores; 7. Ensaboa Mulata; 8. Feira de Mangaio; 9. Mulher Rendeira; 10. Onde qué;







A noite estaria apenas começando, ainda com muita coisa para rolar na despedida do MACACO, como Girafulô, e Maracatu Rochedo de Ouro, Capoeira de Angola e outras atrações mais, até mesmo a incursão de uma banda dentro do palquinho livre aberto ao fim da noite, que puxaram o público até altas horas da madrugada.

E eis que a semana se acabava, e agora nos resta esperar a próxima edição. Mas também não é como se todo o movimento cultural do CAASO fosse compactado em apenas uma semana do ano. Afinal, MACACO que é alimentado uma vez por ano acaba morrendo.

Mais fotos desta noite e de todo o resto da Semana podem ser conferidas no nosso Picasa!


Fotos por Vincent de Almeida

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