Relatos do Aliba #02: Friction Fest, Berlim

Mesmo com um line-up muito bom, havia um público pequeni que no máximo chegava a 500 pessoas, isso chutando alto. Lugar beeeem grande! Acredito eu que ali também era um bunker, que depois a galera foi deixando porque não sabia o que fazer com ele, até que recentemente alguém comprou e decidiu montar algo. Parece que normalmente o que rola lá são festas com música eletrônica. Pra se ter uma noção de grandeza do lugar, no final do segundo dia do festival também estava começando uma festa das que ocorrem mais normalmente por lá, com pelo menos a mesma quantidade de pessoas do festival. E ambos os eventos estavam com o som no talo e um não interferia em nada no outro. Uma pena não poder entrar com sua própria câmera e tirar umas fotos lá dentro...


FRICTION FEST, BERLIM, PRIMEIRO DIA - 21.04.2011

God Is An Astronaut (IE) - Perfeito, exceto pelo fato do guitarrista demorar pra reafinar a guitarra a cada música que era tocada... Com isso poderiam ter tocado mais uma ou duas músicas no tempo que tinham pra se apresentar! Além do que, ele também perdia sempre o exato momento da entrada nas músicas e fazia os outros membros repetirem a abertura infinitamente até ele estar pronto. Mas enfim, mesmo com isso foi algo sublime. Presenciar um show deles foi quase como uma viagem real de astronautas a outro planeta. Conseguem levar o púbico a um estado próximo do nirvana, com suas melodias, para então entrar com um pouco mais de peso para nos trazer de volta a este mundo. Fizeram como de costume umas projeções que foram boas. Com imagens de viagens espaciais, testes nucleares, guerras e essas coisas mais que existem em seus clipes. Porém, já vi melhores em vídeos de outros shows deles, que usavam outros elementos não encontrados nestes clipes. Souberam escolher bem as músicas, tocando apenas duas do último álbum, o que menos gosto, mas que mesmo assim soaram muito bem ao vivo. Foi uma pena eles terem de abrir o festival e não seguirem o horário original que seria com The Kilimanjaro Darkjazz Ensemble logo em seguida. Algumas músicas que foram tocadas, mas que não necessariamente estão em ordem, são: Age of The Fifth Sun, Suicide by Star, Shadows, Route 666 e Fragile.



Julie Christmas (US) - Subiu ao palco com uma pintura no rosto meio indígena, meio lembrando Marilyn Manson, algo nesse estilo. As duas primeiras músicas não combinavam muito com esse seu visual, usando a voz de forma bem calma, exceto em alguns poucos trechos e por aí vaí. Porém, a partir da 3ª música ela mostrou o porque do visual bizarro: a quantidade e a intensidade dos gritos aumentaram consideravelmente, mostrou-se bem performática, quase se enforcando a todos os instantes com o cabo do microfone. O efeito que a luz causava nos olhos por causa da pintura dava uma aparência meio demoníaca a garota. Já possui um certo currículo, cantou no Spylacopa e tudo mais, também foi bem gente boa em mandar um vinho pra galera, afinal a bebida não era tão barata.


Imaad Wasif (CA) - Nada de mais, apenas um magrelo maluco em cima do palco. Não tenho muito a dizer sobre o rapaz, mesmo. Pelo material dele que estava sendo vendido na lojinha da parada, ele prometia muuuuuuito mais.



The Kilimanjaro Darkjazz Ensemble (NL) - Putaqueopariu, o imbecil que regulava o som conseguiu cagar forte. O grave do maluco que manipulava os samples de bateria estava tão absurdamente grave que a alma de umas cinco gerações passadas tremiam com aquela merda! Outra coisa ruim foi que por não conseguirem montar o telão e ajeitar os instrumentos rapidamente, desencanaram do telão e mandaram as projeções na parede mesmo, o que não ficou muito bom, pois havia algumas estruturas na frente e tals. Agora, da apresentação, eles conseguem criar uma atmosfera realmente impressionante, muito introspectiva, capaz de fazer entrarmos nas profundezas do consciente, inconsciente e subconsciente. Claro que isso também só foi possível com tamanha intensidade devido a maravilhosa vocalista: Essa sim tinha voz realmente perfeita! Algo tão maravilhoso que chega a lembrar a lenda das sereias, que são capazes de hipnotizar com o seu canto e essas coisas mais. Estou completamente apaixonado pela voz dela. Esses maníacos símeis podiam desencanar de tantos projetos e simplismente ir a caça de alguém assim... Nunca consigo lembrar o nome das músicas, pois sempre ouço o álbum de uma vez e não paro pra ver o nome delas, mas sei que tocaram definitivamente Pearls for Swine.


Uma boa experiência que tive com a música deles - ou do The Mount Fuji Doomjazz Corporation, que são as mesmas pessoas- foi ouvir um álbum enquanto assistia o desfile das escolas de samba, no mudo, na grandiosa Sarjeta. Experimentem isso ano que vem, aposto que vão curtir!

Electric Wizard (EN) - O que tinha ouvido falar dos mesmos é que seriam um Black Sabbath em que os membros realmente seriam satânicos e drogados. Quanto às drogas eu não sei, mas em relação ao satanismo esse comentário parecia estar certo... O baixista era amedrontador, com seu rosto coberto por tatuagens. Mas isso são apenas suposições rídiculas de minha parte, o que é certo é que, embora na real eu não conheça as letras das músicas, eles com certeza são o Black Sabbath do novo milênio, com mais peso, menos velocidade e sem aquele monopólio de pentatônicas. Algo mais no feeling, um pouco stoner.



FRICTION FEST, BERLIM, SEGUNDO DIA - 22.04.2011

Oozing Goo (DE) e Ef (SE) - O imbecil aqui perdeu as duas. A primeira porque achou que o festival começava no mesmo horário nos dois dias e a segunda por pura incompetência de ser um turista burro, sem mapa, que quis ir num ponto não muito turístico (Treptow Crematorium), mas que valeu a pena. Mas não vou começar a falar das minhas experiências de turista, né? Bom, Oozing Goo é uma banda local de Berlim e Ef é algo já mais conhecido, até já ouvi, mas não consigo me lembrar bem como eram...

Khoma (SE) - Banda que quase não conseguiu chegar a tempo pra apresentação! Pesada, porém com um vocal que não combinava muito.Lembrava uma dessas coisas não tão interessante da Inglaterra (The Killers, Franz Ferdinand?), mas, tudo bem. A performance da banda como um todo era muito boa, só não foi melhor porque não conseguiram manter o visual que propunham: utilizaram capuz durante a apresentação,. Mas, afinal haviam acabado de chegar de terras gélidas e os 20 e poucos graus do local eram insuportáveis nessas condições. Nas músicas pesadas eram muito intensos, enquanto nas mais calmas conseguiam transmitir desespero e melancolia impressionantes.

Owen Pallett (CA) - Artista solo (violino, teclado e voz). Vinha na idéia, bem interessante por sinal e que tenho acompanhado a um tempinho, de utilizar instrumentos clássicos com efeitos de looping e afins para criaçao de músicas. Porém o que conhecia era com violoncelos e sem vocal (Julia Kent, que pretendo ver em breve e Zöe Keating). O engraçado é que todos são canadenses! Não tem muito o que falar, é só ouvir. Mas, novamente o vocal estragou a parada: Ouvir essas dois trabalhos, Owen Pallet e Khoma, fez com que eu entedesse melhor a minha preferência pela música instrumental, afinal a palavra não é algo realmente essencial.

Earth (US) - Algo como TKDE, mas com bateria ao invés dos samples, violoncelo no lugar do violino e sem aquela voz divina. As baixista, bateirista e violoncelista eram integrantes novas e o trombonista foi convidado pra apresentação, então só o guitarrista era um membro mais antigo. Criam também uma atmosfera introspectiva, porém bem menos intensa que TKDE (Como aquela voz faz falta!). Ah, a bateria também não era tinha em nenhum momento uma levada um pouco mais diferente, nada quebrado, o que deixa tudo um pouco mais monótono

T.raumschmiere (DE) - Não tive saco pra assistir, a música não era nada de mais, as projeções não eram das melhores e o vocalista queria se aparecer demais.





Otávio Medeiros, o Aliba, se ocupa com festivais pela Europa e nas horas vagas estuda na Alemanha. Este é mais um relato compilado de seu Diário de Viagem. Veja mais fotos das andanças pela Europa lá no Picasa!

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