Resenha: SancaStock 2008 – Parte III: Tomada

Terminando a sessão SancaStock 2008, a crítica do último show da casa!


Já passado pelas três da manhã e com várias expectativas na cabeça, vi a banda Tomada subir no palco para uma abertura que fez calar a boca, me forçando a dizer que foi uma entrada de respeito. Simplesmente blugaram os instrumentos, tocando non-stop uma excelente seqüência de covers rearranjados. Arrebatador. Destaque para Spanish Castle Magic, do Jimi, com seu bumbo retumbante numa toada mais ágil e guitarra suja que caíram excelentes! Só o vocal ficou devendo nestas faixas, em muito porque o mike não parecia a contento.


De qualquer maneira, emendaram suas três ou quatro músicas sem parar pra respirar, revigorando imediatamente o público já diminuto pelo adiantado da hora e demora pra (re)recomeçar a brincadeira de gente grande no palco.


Após a decisão do primeiro pronunciamento do vocalista, cumprimentando os presentes, a banda paulistana trouxe a faixa Shine do seu primeiro álbum, de 2003, Tudo em Nome do Rock’n’Roll. Na boa influência de um Tom Morello, a faixa se desenrola com Rodrigo Casais Gomes e guitarra modulando um eletrônico metalizado (que lembram muito Your Time has come, por sinal).
O vocal de Ricardo Alpendre por fim entra nos conformes e puxa um refrão bacanudo. Ou era a garganta dele que só responde pras faixas da banda?


Em seguida, mais uma deles, Volts, faixa homônima do segundo álbum, de 2005. Trás uma composição bacana, com riff em cima de riff. Contudo, nesse momento recai sobre mim aquela impressão que eu havia esquecido no começo do show. Ouvindo o material deles previamente, me lembrei daquela suma máxima proferida a torto e a direito: Hard Rock cantado em português
não soa legal. E isto se traduz nesta música. Não que o mal sejam só as letras, porque em inglês elas são por vezes do mesmo tamanho, mas parece que no britânico soa melhor. Digamos prosaicamente que nossa língua mãe seja nobre demais pro estilo. E já que estamos nessa discussão, os letristas também são de todo culpados, porque nossa recorrente temática futebol, mulher e cerveja é boba por demais. Claro que a idéia não é trazer os tolkenianos do rock sinfônico melódico medieval, mas podia ser melhor, não é?


Mais além na noite, apresentaram algumas faixas de seu vindouro novo cd, como Jogue tudo foraDoidão. A última é digna de nota, pela brincadeira excelente, que se fosse de improviso seria genial, dos vocais com o título da música. Me aparenta que os caras tem um bom material pra apresentar ainda, na mesma linha dos seus álbuns antigos. Claro que estes trabalhos tem muitas faixas boas, trazendo o excelente som do power trio mais vocal, com sua sempre estilosa guitarra e baixo bem marcado e vivo. Particularmente, gosto mais do primeiro álbum, com destaque pra faixa de abertura (pra não falar na primeira metade toda, com excelentes toques de blues, funk de baixo e mesmo soul), e
Notícias de Ontem, e Na Estrada e a faixa-título, Tudo em Nome do Rock’n’Roll . Já Volts traz algumas bem interessantes como Página 3, SSP-SP, além da última faixa do grupo que viria a ser tocada na seqüência do show. E fica a dica de que tudo está disponível pra download na página da Trama Virtual!


Como dito, tocaram ainda mais do álbum de 2003: Blues da Garrafa e Meia, num ritmo moroso e vocal inspirado de Alpendre; Ainda, Pé na Água Fria, memorável faixa que eu mesmo pediria se esse fosse meu mote, com guitarra inspirada, seguindo uma bateria com pratos cheios de Alexandre Marciano e as linhas de Marcelo Pepe Bueno, tocando um belíssimo (e sonoro) Rickenbacker preto. Pepe atira notas pro alto empunhando o baixo enquanto inspira alucinação com olhos esbugalhados.


E pra finalizar o show, um dos momentos impagáveis da noite, quando Alpendre e Pepe fazem questão de conclamar ao palco o fugidio vocalista Ricardo Fish, da banda anterior, Estação da Luz, que sai dali cunhado como o “Petardo do Rock Nacional”. E faz jus ao nome com sua voz, fazendo um excelente back vocal. E rolou realmente um puta lance, tocando o que eu imagino ser
Superstition, música de Stevie Wonder, num cover da famosa versão de Jeff Beck (a menos que eu esteja muito errado). Excelente, excelente, com a guitarra de Gomes fazendo bonito, com os wah-wahs manipulados inclusive em parceria com o próprio petardo. Faltou um talkbox, mas enfim, teve slide e tudo.


Eis que a banda de estilo menos compactuante(mas que merecia ser vista), saiu-se melhor do que o esperado. Sempre é interessante conferir o que está rolando por aí, em especial quando sabe-se que a Tomada está com as asinhas de fora, com shows em diversas casas de Sampa e mais álbuns engatilhados. E o material é bem aproveitável, diga-se de passagem. Sinceramente torço para que firmem o nome no grande mercado, apresentando que a nação também faz um bom Hard Rock.



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http://www.myspace.com/tomada
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Resenha: SancaStock 2008 – Parte II: A Estaçao da Luz


Como prometido, cá estamos com a segunda parte do review do SancaStock 2008. E as expectativas envoltas no que tocaria na sequência eram grandes, posto o material previamente conferido no YouTube. A banda A Estação da Luz postava lá Secos & Molhados, Os MutantesCasa das Máquinas. Trazia na manga até Somebody to Love, que me fazia desejar uma hora só de Jefferson Airplane. e


Mas justamente esse último anseio revela a grande verdade que recai sobre minha pessoa e que temia se abater por uma grande maioria do público: o desconhecimento do (vastíssimo) repertório nacional do gênero. Não cabe aqui apontar as razões para tanto, mas já alfinetando, devo dizer que
a grande falácia não-produzimos-nada-a-contento deve ser desmentida na cabeça dos mais xiitas. Está aí para provar isso um sem número de bandas, partindo dos supra-citados, passando por Patrulha do Espaço e Novos Baianos, refletidas em pedidos por aquela uma ou outra, mesmo sendo sempre as mesmas.


De qualquer maneira, prometo fazer minha lição-de-casa de História do Brasil.


Contudo, todo medo do show esfriar se esvai quando a banda de São José do Rio Preto entra no palco do CAASO, deixando várias e várias letras (das mesmas?) na boca do povo de imediato. Claro que começam algumas baixas, ao mesmo tempo que as caras mudam um pouco e o público se renova, mas no geral a “caasa” estava cheia.


Literalmente, a sensação de viagem no tempo para a década de 70 fica presente, quando a trupe se apresenta completamente a caráter, com calças boca-de-sino e direito a ônibus de tour pomposo. Logo de cara impressiona a guitarra de braço duplo no mesmo tom cereja da Gibson EDS-1275 de J. Page. O mal é que ficou só na impressão, porque não me lembro de ter visto doze cordas palhetadas em nenhum momento.


Ah, claro, falando de música e deixando os performáticos de lado, no repertório clássicos e clássicos do rock psicodélico da década onde eu queria ficar preso no tempo. Personificando uma Rita Lee, a lindíssima vocalista Renata Ortunho solta a voz numa Esse tal de Roque Enrow, prometendo, nas vezes de lead singer, um algo mais, enquanto em outras faixas, fazendo back, abrilhanta o trabalho já vivaz do chamado “Petardo do Rock Nacional”, Ricardo Fish, vocalista de mão-cheia, com excelente técnica. A dupla mostra entrosamento melhor e melhor, com uma presença de palco contagiante, embalando a multidão.


Num momento saudosista, With a little help from my friends, dos Beatles, numa releitura da já versão de Joe Cocker. Nada mais justo do que uma homenagem a um clássico do Woodstock de 1969 tocando-a no SancaStock (o nome, pra começar, ficou ótimo!). Entrando em seu sintetizador com excelentes samples, Alberto Sabella nos dá a consagrada introdução do seriado Anos Incríveis com suavidade, evoluindo ora pras teclas mais pesadas ora pros estonteantes acordes que dão o tom para a liberdade da guitarra de Cristhiano Carvalho fazer as vezes, cantando alto com a belezinha dele, num empolgado solar, enquanto o baixo de Sandro Delgado aprofunda a coisa toda. Aqui, Júnior Muelas, que parou no tempo com cabeleira e bigodes, mostra que seu estilo não fica só no visual, derramando uma bateria cadenciada, ao mesmo tempo que vibrante, junto ao brilho da percussão de Daniel Velotta. Claro que nosso “petardo” não trouxe o timbre mais grave e rasgado de Joe Cocker, mas particularmente gostei dos arranjos de vocal, em especial com o back vocal da garota lindíssima Renata, junto com mais meia-banda, que fazem toda uma diferença. Baita música!


Só me irritou ao longo do show o sempre presente público do maldito gritinho de “Toca Raul” que se proliferava volta e meia. Sinceramente, Raulzistas que me perdoem, não era a hora. Os caras deveriam ter toneladas de material mais interessante pro momento. E eu gosto de
Raul, ok?


A Estação da Luz revelou-se uma banda de mão-cheia, nostálgica, com bons instrumentistas e excelentes arranjos, numa apresentação quase teatral. Uma horinha apenas de show foi pouca, porque já saíram deixando saudades. Só confirmei as expectativas de que seria a melhor apresentação da noite (embora muito ainda estivesse por vir). Espero vê-los de novo, por cá também.


E falando em banda completíssima, não podia faltar a apresentação de um material deles. Aliás, excelente material. Tocaram duas composições próprias, Desespero, faixa interessantíssima, refletindo na psicodelia o título, e Par Perfeito, tendo até clipe perdido por aí. Nessa última, mais uma vez faz toda a diferença os teclados de Sabella e nossos vocalistas, cantando arranjos bem feitos da letra bacanuda.


Li por aí que vem álbum em abril desse ano. Já está na wishlist.


Resenha: SancaStock 2008 – Parte I: Homem com Asas


E pela excepcional iniciativa do Grupo de Som do CAASO, me vejo forçado a desandar com a vida e começar um projeto particular, homenageando a todos com um reviewzinho (quem sou eu!?!) do que São Carlos ouviu na noite do dia 14 de março de 2008: Três bandas de alta conta tocando o que há de melhor do Rock Progressivo e Psicodélico nacional e de além mar, correndo lado a lado com um sempre bom Hard Rock, como bem diz o nome da coisa toda.


Abrindo a noite, os mais que caseiros do Homem com Asas, banda são-carlense de boas raízes, tarimbada do circuito regional, em performance com sua formação completa. Aqui, só resta o cuidado de não nos despendermos em elogios verborrágicos, já que a banda é sempre a preferência. No setlist, os sujeitos apresentaram uma série do bom e velho hard rock e outros mais, preparados numa cozinha de alto-padrão, com molho de guitarras e teclados, acompanhados de um vocal de bom gosto.


Entrei ao embalo de Carry On My Wayward Son, do Kansas, sendo logo brindado com aquele grude de riff.


Mas, mostram a que vieram mesmo adiante, com uma ensurdecedora Burn, do Purple. Trouxeram a luz o baixo com marcação de personalidade de Gabriel Zoppo, mostrando porque é que ele já tocou com o Daevid Allen sendo embraçado pela Gong Global Family. São dignos de nota na faixa também os teclados onde não falta estro do cabra Fernando Macabro, vindo na toada das guitarras e sobressaindo-se no lugar, razão e circunstâncias exatas. Em show anterior na mesma batcaverna os teclados estavam com volume exagerado, chegando mesmo a minguar a guitarra. Mas o grande lance desta canção é o vocal de Gus Stardust, entrando e saindo no alto, trazendo a memória o melhor de Coverdale e Glenn Hughes incorporados numa garganta só (tudo bem que os guitarristas fazem back, mas não dá pra levar em conta).


Levaram bem a população do CAASO, já expressiva para um show de rock em véspera de feriado prolongado. Não resta sombra de dúvida que são conhecidos do pessoal (de sempre) dali, fazendo sair de casa até com a primeira friagem do ano.


Já conhecida a bateria de longínquas apresentações de X-Raptor e de outras datas do HcA, Luciano Matuck, maduro e seguro no cargo (também pudera, quantas noites de palco o então garoto tem?), mostra mais uma vez os resultados no estudo do estilo. Falta pouco!


Encerraram o show com a providencial Dogs, cover inspiradíssimo do Pink Floyd, dessa vez com a segunda guitarra de Marcelo Minduim, que haviam ficado devendo o show da semana do Bixo na USP, fazendo toda a diferença. Minduim vem revezando, sem fazer feio, ao longo do show com Danilo Fruits, este de dedos calejados, possivelmente melhor dos guitarman de São Carlos. Longamente, a faixa soou deliciosa nos seus mais de quinze minutos, arrebatando o público e dando a chance para provar cada nuance do caldo preparado, nas diversas incursões e retomadas da faixa do célebre álbum do Space Rock(???)(fodam-se os críticos).


Dado o formato do festival, acabam sendo apresentações curtas, com cerca de uma horinha cada. Assim, os homens alados saem do palco já deixando saudades, mas como bem anunciou o vocal, a noite ainda viria a trazer novas supresas, do pessoal de fora trazido pela organização. Claro que a banda não nos cansa nunca, e ficaram devendo aquela dobradinha Traveller in Time/Easy Livin', e outra que estou querendo ver faz tempo, Aqualung.


Pausa prum chá-mate gelado e prometo a segunda e terceira parte do show logo mais.



http://www.myspace.com/bandahomemcomasas
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