Quando adentrei o salão onde seriam realizados duas apresentações que desejava muito ver, o Dialeto montava seu equipamento. Ao começo do show, além de deixarem luzes brancas de apoio acesas que tiravam o clima de show, uma das primeiras coisas que me surpreenderam foi o quão segura a banda parecia, mantendo uma sonoridade mais pesada e intensa por toda a apresentação.


Apesar de fortes influências do oriente acompanharem todo o show, a filosofia da banda não se deixa satisfazer bebendo de uma única fonte. Unindo as tradições folclóricas às novas tecnologias eles obtém um som moderno, chegando inclusive a se aventurar no Jazz-Fusion, como na música Divided by Zero, que demonstra a competência e integração que os músicos alcançaram.

Com Nelson Coelho nos vocais e guitarra, Andrei Ivanovic no baixo, e Miguel Angel na bateria e backing vocals, forma-se o Power Trio que junta influências de todas as partes e períodos do mundo, resultando num grupo que foge de rótulos ou estilos. Eles fazem música, boa, por amor e prazer. O que mais vier é conseqüência.

A formação atual do Violeta conta com Cláudio Souza na bateria, Gabriel Costa no baixo, Fernando Cardoso nos teclados e na guitarra, Fabio Golfeti. Guitarra essa que transcende os limites do instrumento, bebendo de fontes como o glissando guitar imortalizado pelo Gong. Golfeti abusa de distorções, psicodelia e improvisação, enfim, do conceito de Space Rock, que norteia todas as apresentações da banda.
Talvez o maior mérito do Violeta seja fugir um pouco da sonoridade orquestral do Progressivo Sinfônico, que tanto os aproxima das bandas do Canterbury Scene, sem lançarem-se no experimentalismo puro e sem referências. Nisso, acertam em cheio ao unir a complexidade musical com a fácil assimilação, sempre um dilema, conseguindo uma sonoridade confortável e inovadora. Quando menos se percebe você é levado por um clima etéreo de melodias espaciais e timbres brilhantes. Fechar os olhos junto com os músicos é se deixar conduzir rumo ao infinito.
Vale citar a belíssima faixa Além do Sol, com linha vocal forte – em provável referência a Criaturas da Noite da banda O Terço – que te arrebata desde o inicio, mesmo quando deixa de acompanhar o instrumental, que se desenvolve com guitarra e teclados. Durante a faixa toda, a voz continua lá, coisa que só os melhores arranjos vocais propiciam.
Cabe também ressaltar Fronteira, uma das composições mais representativas da noite. O amálgama do Canterbury, a improvisação típica do Jazz, o impacto da Psicodelia, aliados a suavidade e delicadeza sonora característica acabam sintetizando numa faixa a essência do Violeta. Em uma performance que beira a eternidade, abre-se um lapso no tempo e espaço, e em plena São Paulo, transporta-se todos a seus próprios planetas atemporais.
Texto e Fotos: Carolina Scoponi
Nota Editorial: Eis o primeiro texto de um colaborador para o Programa Bluga, das mãos da amiga Srta. Scoponi. Com esta iniciativa, abrimos espaço para que outros também nos ajudem a mostrar a um público bandas que merecem destaque. Entre em contato!
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