Jennifer Lo-Fi lança o EP Nóia

Na tarde do dia 31 de Janeiro, a conhecida Jennifer Lo-Fi colocou no mundo o seu terceiro EP, Nóia,  lançado pelo selo Vigilante.

Bons elementos destacam-se em vários aspectos envolvendo  este trabalho, a começar pela estratégia de divulgação. Ainda às vésperas, muitos tweets da banda,  e depois com seus seguidores, já anunciavam o lançamento. No começo da tarde da prometida data, saia o tweet que o remeteria ao Bandcamp com o streaming do novo EP. Na mesma onda, os blogs Tenho Mais Discos que Amigos, Move That Jukebox, Vigilante e Rock´n´Beats divulgavam o álbum cada um com uma faixa exclusiva para streaming. E, completando maestralmente a estratégia de divulgação, disponibilizava-se o álbum na íntegra em MP3 à 320 kbps com um bacaníssimo Pay with a Tweet, continuando a divulgar o som da banda pelos próprios fãs. Com o álbum no ar por meros 30 minutos, já  haviam 12 likes no Facebook!



Continuando a impressionar, a primeira vista dos sites parceiros já denunciava um artwork bastante diferente, assinado por Bruno Cironak. Aí vinham as influências, conscientes ou não, apontando para outros bons nomes que marcam a banda desde o começo. A capa recorda fortemente os trabalhos de Storm Thorgerson, famoso capista da indústria da boa música, lembrando em particular a capa do álbum De-Loused in Comatorium, da banda The Mars Volta, e mesmo as capas dos trabalhos solos de seu guitarrista Omar Rodriguez-Lopez, feitos por  Sonny Kay.

Agora, tratando da música em si, durante todas as faixas é clara uma certa renovação da banda, com som mais presente ao mesmo tempo em que mais flúido, e uma incursão pelos aéreos, desacelerando o frenesi do Summer Sessions, EP anterior lançado em 2010. Traziam letras densas, que soam ainda mais desnorteadas pela valorização à melodia que o vocal de Sabine Holler trabalha.

Nóia inicia com Troffea, inspirada num caso antiquissimo de histeria coletiva, em que centenas de cidadãos incitados por Frau Troffea dançariam até o além-vida. Quiçá aqui se transmitem os pensamentos de Troffea e a música que embalou Estrasburgo por mais de um mês em 1518.

Seguindo com Neveo, as guitarras de Miu e Caio passeiam por riffs num mood muito etéreo. Com o álbum todo emendando sutilmente uma faixa na outra, há toda uma construção de climas para a próxima surpresa. E vinham Ovos com Bacon.

Ovos inicia na mesma pegada de Neveo, mas ganha velocidade e nos lembra porquê Jennifer Lo-Fi nos cativou desde o começo, revisitando a sonoridade das primeiras gravações, com o pézinho mais evidente em Delírio Coletivo e Segundo Coletivo, do primeiro EP de 2007, J Lo Fi. Encerraram o petardo com Bacon que enfatiza a porrada que começava em Ovos, caminhando para um fim que pede reflexão e um show com uma bela parede de graves.

Com pouco mais de 16 minutos, Nóia mostra a evolução musical da banda, ponderada aqui não só pelo seu já visionário produtor Manoel Brasil Orlandi, mas também por Chuck Hipólito, ex-Forgotten Boys e atual Vespas Mandarinas.  Com o EP todo em português, fazem uma escolha interessantíssima para cativar  público aqui ao mesmo tempo em que exploram muito bem as tortuosidades da língua em favor de seu estilo. Uma das poucas, e já há muito brilhante, iniciativas no país experimentando no Heavy Prog.

Ouça abaixo o álbum na íntegra no player integrado do Bandcamp!







E ouça e baixa também aqui no blog o bootleg Ao Vivo na Macacada, gravado ao vivo em São Carlos em Fevereiro de 2010, no Campus 2 da USP!


Um comentário:

Anônimo disse...

Bela resenha, animal o EP ! !